terça-feira, 29 de julho de 2025

Lixo na rua, saúde ameaçada!


Após ler e reler o item principal da Nota Oficial sobre a coleta de lixo — publicada pela Prefeitura na semana passada —, fiquei perplexo. Como é possível?

Transcrevo o trecho em questão: "Dos quatro caminhões da empresa atualmente responsável pelo serviço, apenas dois estão em funcionamento. Os demais estão parados devido a problemas mecânicos, sem previsão de retorno pela contratada."

Será que a empresa contratada possui apenas quatro caminhões? Como foi aprovada em um contrato público nessas condições?

Ninguém exigiu um plano para situações de pane mecânica?

O que significa "sem previsão de retorno"? Não há oficinas em Itapira capazes de fornecer um prazo mínimo?

Por que a Prefeitura permite que a empresa trate o município com tamanho descaso, sem penalidades ou soluções ágeis?

Quem elaborou e aprovou esse contrato?

O pior! Essa mesma empresa — ou seus responsáveis sob outra razão social —  pode voltar a prestar serviços na cidade (ou em outras), com a conivência da administração municipal, repetindo os mesmos erros. O que está por trás disso?

Falhas constantes, caminhões quebrados, sem perspectiva de conserto, escancaram incompetências gritantes. Como evitar que novos contratos perpetuem esse ciclo? Quem poderá nos defender?

A coleta de lixo é um serviço essencial de saúde pública. Sua falha: atrai vetores de doenças (ratos, mosquitos); contamina solo, água e ar; coloca em risco a saúde dos coletores e deixa a cidade com aparência negligenciada — suja, malcheirosa e abandonada.

Até quando Itapira tratará o lixo como um problema qualquer?



segunda-feira, 2 de junho de 2025

Para muitos nonnos e nonnas: uma bela duma banana!


Entre 1870 e 1920, um êxodo silencioso marcou a história de dois países: 1,5 milhão de italianos cruzaram o Atlântico, desembarcando principalmente em São Paulo (60%), Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná. Hoje, um terço dos brasileiros carrega DNA italiano. Em Itapira, estima-se, quase dois terços.

O governo italiano aprovou uma lei que restringe o acesso à cidadania “iure sanguinis” (direito de sangue), alegando "segurança nacional" e um suposto "fluxo descontrolado" de pedidos. A medida, sujeita a desafios judiciais, cortou o elo de milhões de descendentes com suas raízes.

É irônico: os mesmos italianos que fugiram da fome no século XIX agora têm seus netos e bisnetos barrados por burocracia. Seus sonhos de retorno – adiados pela pobreza, mas nunca abandonados – são hoje negados com um carimbo.

Até 1991, eu mal conhecia minha herança italiana. Foi a Festa dos 100 Anos da Família Marcati que desenterrou a saga de Bonifácio e Santa, seus filhos, suas lutas... Três anos mais tarde, com ajuda de um amigo italiano, reconectei os fios da memória.

Buscar a cidadania foi mais que um trâmite: foi reativar registros empoeirados, parados desde 1892 com a anotação "Emigrato in Brasile". Para nós, esse processo é a única forma de recolocar os avós, muitas vezes esquecidos, na linha do tempo.

Entende-se a necessidade de combater fraudes, mas alterar o princípio constitucional do ius sanguinis é cuspir na história. Quem já possui a cidadania italiana, nada muda. No entanto, para quem ainda não requereu, o caminho poderá ser muito espinhoso, com grande chance de ser negado. Os italianos que aqui chegaram não vieram por turismo – vieram para sobreviver. O Brasil os acolheu e prosperou com seu suor, mas seu coração sempre bateu em dois lugares.

Enfim, o governo italiano lhes oferece uma "bela duma banana" (como diria um nonno indignado). É um corte não só jurídico, mas afetivo.



quinta-feira, 8 de maio de 2025

Habemus Papam e haja confusão

 

Desde os últimos dias do pontificado de Francisco, tenho observado expectativas crescentes em relação ao novo Papa que o sucederá. A polarização política, característica de grupos minoritários tanto da direita quanto da esquerda, não reflete o espírito do mundo católico nem a maioria da população de seus respectivos países. Esses grupos parecem se sentir no direito de influenciar politicamente a escolha, como se a Igreja estivesse reatando laços da idade média ou do século XXII. Tal comportamento parece buscar um apoio divino, ou ao menos da Igreja Católica, para suas agendas políticas.

Ao longo de quase cinco mil anos, governos e religiosidade popular caminharam lado a lado. Contudo, essa união se desgastou diante da emergência de sociedades multiculturais, conflitos religiosos e fluxos migratórios. A neutralidade estatal tornou-se um valor cada vez mais importante. Avanços científicos, o desenvolvimento do pensamento crítico e as falhas históricas das teocracias — incluindo alianças com elites poderosas, perseguições e a prática da venda de indulgências — contribuíram significativamente para a redução da influência das igrejas no poder secular. Embora ainda existam exceções, a tendência global aponta para Estados neutros, que asseguram a liberdade religiosa. A história, em sua marcha inexorável, raramente retrocede.

Nenhuma instituição na Terra acumulou tantas experiências, viveu tantos momentos históricos, enfrentou tantos excessos e aprendeu com tantos erros quanto a Igreja Católica. Com um acervo documental vasto e sistematicamente estudado, é possível afirmar que a Santa Madre Igreja reúne um número impressionante de intelectuais dedicados, todos focados em seus propósitos e na missão de refletir sobre os rumos da fé e da humanidade.

No espectro interno da Igreja, os conservadores católicos se ancoram na tradição, comprometidos com a preservação dos ensinamentos e doutrinas centenários, orientados por uma missão espiritual e pastoral que enfatiza a caridade e a transmissão da fé, com base sólida na Bíblia e nos pronunciamentos papais e conciliares.

Por outro lado, os progressistas católicos encontram inspiração no Concílio Vaticano II e em documentos pontifícios recentes, como a Laudato Si', que aborda a ecologia social, e na defesa enfática dos pobres. Eles se engajam na promoção de políticas públicas redistributivas, são receptivos ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso, e buscam reformas sociais que estejam em consonância com os valores evangélicos.

A Igreja Católica, com sua estrutura hierárquica e informativa, está atenta ao que ocorre em suas diversas dioceses ao redor do mundo. Essa capacidade de monitoramento é essencial, especialmente após ter enfrentado a perda de fiéis para denominações evangélicas e para o fenômeno dos desigrejados, o que a torna mais cautelosa em suas decisões.

Em conclusão, a eleição do Papa Leão XIV não se deu para satisfazer exclusivamente as alas progressistas ou conservadoras, mas sim para assegurar a continuidade e relevância da Igreja Católica na contemporaneidade. O desafio é conciliar as demandas de renovação com a preservação dos valores fundamentais, equilibrando-se entre a necessidade de mudança e a manutenção da identidade que define a Igreja ao longo dos séculos.

Os agostinianos, como o novo Papa, são conhecidos por buscar a verdade interior, unindo a razão e a fé, vivendo em comunhão fraterna e servindo aos outros com caridade tanto intelectual quanto prática.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Setentar, uma dádiva.












Setentei, ô se tentei.
E na longa jornada, 
não descansei.


Cheguei! 
Com tantas histórias, 
tantos tropeços, 
tantas lições e
muitas vitórias.


Nas asas do tempo, voei, 
em tempestades, me firmei, 
ao destino que tracei. 
Grandes amigos conquistei,
com laços sinceros, os guardei.
Uma bela família, ganhei,
o porto seguro que ancorei.


Cheguei!
Na trilha que atravessei, 
em cada "não", um degrau, 
em cada "sim", um caminho, 
na certeza de que a persistência é a chave.


Setentei, ô se tentei, 
com a força de quem sonha, 
da qual nunca me apartei.
Cheguei, mas não parei.


O futuro? Oras direi...
Ali está, como sempre esteve.
Sempre como esperancei.
Logo, o futuro, 
serenamente, aguardarei

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Francisco, uma vida de respeito!

 


Diante do anúncio do falecimento, após 12 anos de um papado marcado por profundas transformações e gestos simbólicos, as homenagens prestadas a Jorge Mario Bergoglio refletem uma era de renovação na Igreja Católica.

As análises ao longo de seu pontificado, consistentemente destacam suas virtudes de simplicidade e humildade, características que o levaram a rejeitar ostentações, inclusive em relação às cerimônias fúnebres que poderiam glorificá-lo de maneira excessiva.

Como pastor — padre, bispo, cardeal ou papa —, Francisco sempre priorizou a proximidade com os fiéis. Sua interação direta e seu desejo de uma Igreja próxima, particularmente dos desfavorecidos e excluídos, deixaram um legado de compaixão e empatia.

Com a determinação em reformar a Cúria Romana visando uma gestão mais eficiente e transparente, Francisco enfrentou os desafios da corrupção, abordando escândalos financeiros e de abuso sexual com medidas concretas e uma postura de intolerância à má conduta. Ele defendeu vigorosamente uma Igreja inclusiva e misericordiosa, enfatizando o acolhimento sem julgamento, e estendeu essa visão a grupos frequentemente marginalizados, como divorciados e a comunidade LGBTQIA+.

A crítica contundente à desigualdade econômica e à pobreza foi uma constante em sua vida clerical, e como papa, ele ampliou essa luta para incluir a defesa ativa contra a mudança climática. Francisco sublinhou a responsabilidade moral da humanidade em preservar o meio ambiente e proteger os mais vulneráveis, reafirmando que cuidar da Terra é um dever intrínseco à fé. Da mesma forma, ele se posicionou firmemente em favor dos direitos dos imigrantes e refugiados, apelando para a abertura de fronteiras e para um tratamento digno e compassivo aos que buscam uma nova vida.

Embora tenha enfrentado resistência significativa dentro da hierarquia eclesiástica, especialmente de setores conservadores, o Papa Francisco buscou sempre a relevância e a atuação da Igreja nos complexos desafios do nosso tempo. Ao despedir-se desta vida, deixa um exemplo de liderança que transcende dogmas e se concentra na essência do evangelho: o amor ao próximo e a busca pela justiça social.


sexta-feira, 18 de abril de 2025

Não se formam mais cristãos como antigamente

 A tradição sugere que durante a Semana Santa, especialmente na Sexta-feira da Paixão, deve-se observar uma postura de abstinência, com um tom mais reflexivo, menos eufórico, favorecendo a oração, o silêncio e a introspecção. Em tempos passados, as famílias aderiam a um recolhimento doméstico, optando por uma dieta quase vegetariana ao evitar carne, e mantinham um ambiente de respeito e sobriedade, o que se refletia até mesmo na tranquilidade das ruas.

Essas práticas alimentares tinham um propósito além da devoção: reduzir despesas para que os recursos economizados pudessem ser destinados à caridade, auxiliando os menos afortunados. Era um momento de solidariedade e de lembrar-se daqueles que vivem em condições precárias.

Contudo, a realidade contemporânea apresenta um cenário bem distinto. Supermercados e bares estão repletos na Quinta-feira Santa, enquanto a Sexta-feira é marcada por estradas congestionadas, tudo isso em busca de entretenimento e prazer. O consumo de pescados caros no almoço substituiu a antiga prática de economia para fins caritativos.

Essa transformação não é recente, pois tais mudanças já se consolidaram há pelo menos trinta anos. Mais alarmante, porém, é a crescente tendência de cristãos desconsiderarem um dos mandamentos centrais de Jesus Cristo: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei". Infelizmente, observa-se uma contradição flagrante, com indivíduos que professam o cristianismo proferindo discursos de ódio e justificando a pobreza pela suposta falta de diligência dos pobres, em um equívoco que desvirtua o espírito de compaixão e amor ao próximo.

Não é minha intenção julgar ou condenar quem escolhe celebrar a Semana Santa com festividades gastronômicas ou viagens. Cada pessoa é capaz de discernir o que melhor se aplica a si e aos seus entes queridos. O que merece reflexão crítica, entretanto, é o comportamento daqueles que se autodenominam cristãos, mas não incorporam os valores e ensinamentos que essa fé representa. A verdadeira essência do cristianismo parece ser negligenciada por muitos que se esquecem de que a prosperidade espiritual também depende do respeito e da prática dos ensinamentos de Cristo.

sexta-feira, 14 de março de 2025

Coleta de Lixo: vamos trocar seis por meia dúzia?

A prefeitura de Itapira anunciou, no mês passado, uma nova licitação para substituir a empresa responsável pela coleta de lixo, devido a falhas constantes. Dado o histórico, podemos esperar sucesso da nova contratada?

Antes dos anos 90, a terceirização de serviços essenciais era rara nos municípios brasileiros. Com a onda privatista, que prometia melhor qualidade e custos reduzidos, muitos prefeitos aderiram à prática em setores-chave.

A alta demanda atraiu empresários desonestos, gerando uma máfia que corrompe servidores e prefeitos. O crime organizado e políticos corruptos logo viram nisso uma oportunidade para lavagem de dinheiro. Embora não se deva generalizar, a honestidade nessas áreas tornou-se rara, e muitas empresas estão sob investigação do Ministério Público e da Polícia Federal.

Os serviços terceirizados têm sido criticados pela população por sua baixa qualidade, como ocorre com a coleta de lixo em nossa cidade. Esperar que a próxima empresa vencedora cumpra o contrato com a prometida eficiência parece otimista.

Com a insatisfação popular, aumentam os pedidos nas redes sociais para a municipalização dos serviços de coleta de lixo. Talvez a solução esteja no equilíbrio.

Um departamento pequeno, com um coordenador especializado, poderia terceirizar a mão de obra e alugar equipamentos, mantendo a prefeitura responsável pela qualidade. Essa ideia poderia reduzir custos e melhorar a eficiência.

A redução do lixo e o aumento da reciclagem são essenciais. Contudo, as empresas terceirizadas lucram com o volume coletado. Para elas, mais lixo significa mais lucro, o que nos coloca em um dilema.

sábado, 8 de março de 2025

Pelo fim do Dia Internacional da Mulher

Não se trata de uma campanha machista, mas de uma reflexão essencial.

Enquanto o 8 de março for uma data marcada como especial, é um sinal de que os direitos das mulheres ainda clamam por respeito em todo o mundo. O propósito desta data transcende seu significado histórico, servindo como um lembrete das disparidades flagrantes no tratamento entre homens e mulheres.

As mulheres têm alcançado vitórias significativas desde aquele trágico 8 de março, quando muitas perderam suas vidas em prol da luta por igualdade. Contudo, os desafios persistem, e são diversos:

As mulheres enfrentam uma gama de desafios e desigualdades em relação aos homens, que variam conforme o contexto cultural, social, econômico e político. Estes são problemas históricos e estruturais, que resistem apesar dos avanços recentes. 

As mulheres frequentemente recebem salários inferiores aos dos homens para desempenhar as mesmas funções. A ascensão a cargos de liderança e diretoria é repleta de obstáculos, e há a necessidade constante de equilibrar o trabalho remunerado com as obrigações domésticas.

Elas são desproporcionalmente afetadas pela violência física, psicológica e sexual, tanto no ambiente doméstico quanto fora dele. A violência de gênero, incluindo feminicídios, assédios e tráficos para exploração sexual e trabalho forçado, permanece alarmante.

Em algumas regiões, meninas e jovens mulheres são excluídas da educação básica e superior. O acesso a cuidados de saúde, particularmente na área reprodutiva, é limitado, e muitas enfrentam tratamento desumano ou abusivo durante o parto. A falta de acesso a métodos contraceptivos e a ausência de opções para aborto seguro resultam em gravidezes não planejadas. A cultura do estupro, que culpa a vítima em casos de violência sexual, ainda é uma realidade dolorosa.

No século XXI, é inaceitável que mulheres ainda enfrentem barreiras que restringem suas oportunidades e direitos em comparação aos homens. Estas barreiras estão enraizadas nas estruturas sociais, culturais e econômicas. Encorajadoramente, muitos homens têm se unido à luta pela igualdade de gênero, mas o machismo persiste, mostrando-se resistente a mudanças.

segunda-feira, 3 de março de 2025

“Ainda estou aqui” desbancou até o Carnaval

Quem poderia imaginar? A cerimônia de premiação de um filme rivalizando com o carnaval, a maior festa popular do planeta. Uma celebração que mobiliza diretamente e indiretamente mais da metade da população brasileira, tornando-se o assunto predominante em conversas e noticiários.

Não se trata de uma premiação trivial. Estamos falando do Oscar, que se aproxima de um século de existência, estabelecido para homenagear anualmente as mais notáveis produções cinematográficas dos EUA e do globo. O longa-metragem brasileiro "Ainda estou aqui" conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional, um feito que reflete o julgamento de cerca de 10 mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Vale ressaltar que o voto é exclusivo para aqueles que assistiram às obras em tela grande, garantindo uma avaliação imersiva.

Esta é a primeira vez que um filme brasileiro alcança tal honraria. Para dimensionar a magnitude dessa conquista, desde a criação da categoria, apenas três outros países das Américas receberam a cobiçada estatueta: a Argentina, com duas vitórias, e o México e o Chile, cada um com uma.

Na seleção do vencedor, são ponderados critérios rigorosos: a excelência artística e técnica, incluindo roteiro, direção, atuações, fotografia, entre outros aspectos; o impacto emocional e narrativo da obra; sua relevância cultural e social; além de originalidade e inovação cinematográfica. Uma particularidade desta premiação é que, diferentemente de outras categorias, o prêmio é atribuído ao país representado pelo filme.

O brilho do momento estendeu-se também à indicação de Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz, além do filme ter sido reconhecido entre os 10 Melhores do ano.

"Ainda estou aqui" não apenas celebra uma vitória significativa para o cinema brasileiro, mas também desempenha um papel crucial ao desvelar para muitos uma realidade histórica até então ignorada por uma parcela significativa da nossa população, ao mesmo tempo em que compartilha com o mundo as nuances de viver sob o véu opressivo de uma ditadura.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Mas é Carnaval...

Para quem tem mais de cinquenta anos, o carnaval de outrora, aquele que pulsava com vigor e autenticidade, parece ter perdido seu brilho, restando apenas um misto de saudosismo e esforços para reavivar memórias de tempos dourados.

O carnaval, com suas raízes que se entrelaçam entre práticas pagãs e a tradição cristã de celebração antes da quaresma, é uma das mais expressivas festas populares globais. Marcado por uma explosão de música, dança, cores vibrantes e uma sensação de liberdade irrestrita, ele ainda resplandece em muitas cidades brasileiras que preservaram a cultura e a história, como o Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Olinda, além de outras localidades menores que mantêm vivas suas tradições.

Em 2025, estima-se que mais da metade da população brasileira, cerca de 120 milhões de pessoas, se envolverá nos festejos carnavalescos. Isso contrasta com os anos 70, por exemplo, quando o número não ultrapassava 30 milhões, refletindo uma população majoritariamente rural e com acesso limitado a tais celebrações.

A transformação do carnaval é um ponto de convergência para a minha geração: a percepção de que a festa perdeu qualidade. Contudo, é natural que os interesses culturais da sociedade evoluam com o tempo. Nos anos 70, o carnaval era um evento central, uma vez que as opções de entretenimento eram mais restritas. Atualmente, ele surge quase como uma surpresa inesperada. De repente!

Antigamente, o carnaval funcionava como uma válvula de escape, um momento em que as rigidezes familiares, as tensões sociais e políticas eram temporariamente suspensas, permitindo expressões e interações que rompiam com a monotonia do cotidiano. Era um período de reinicialização, um recarregar das energias para o ano que se seguiria. Hoje, com avanços nas relações familiares, maior abertura nos relacionamentos humanos e a vivência em um ambiente democrático, esses aspectos perderam relevância no contexto carnavalesco.

A música "Noite dos Mascarados" (1967), de Chico Buarque, encapsula com precisão a essência do carnaval de antigamente: "Mas é Carnaval. Não me diga mais quem é você. Amanhã tudo volta ao normal. Deixa a festa acabar. Deixa o barco correr."

domingo, 16 de fevereiro de 2025

O problema do lixo em Itapira

O tema é persistente e causa frequente descontentamento: a coleta de lixo doméstico, um serviço essencial, frequentemente não é realizada conforme o esperado. A empresa contratada para essa função não cumpre suas obrigações, um problema que, infelizmente, não é exclusividade local. A questão que se impõe é: até quando essa situação perdurará?

Em Itapira, outrora a coleta de lixo era gerida diretamente pela prefeitura. Naquela época, qualquer interrupção no serviço refletia imediatamente na responsabilidade do prefeito, o que, evidentemente, tornava as falhas menos comuns.

Com a terceirização dos serviços, um mecanismo amplamente adotado pelas prefeituras nos últimos anos, a figura do prefeito foi, de certa forma, blindada das reclamações diretas. Setores cruciais como gestão de lixo, limpeza pública, transporte urbano, saúde e fornecimento de merenda escolar foram transferidos para o setor privado. Embora essa estratégia tenha aliviado a pressão sobre os prefeitos, ela introduziu incertezas e preocupações para os cidadãos. Passados um quarto de século, os problemas não só persistem como se agravam.

Além da má qualidade, foram abertas brechas para irregularidades como superfaturamento, uso de cargos para fins eleitorais, contratações fictícias e desvio de recursos públicos. Como se não bastasse, o crime organizado infiltrou-se nesse cenário, envolvendo-se em atividades ilícitas como lavagem de dinheiro e financiamento de campanhas políticas, com o intuito de expandir sua influência.

Enquanto isso, muitas prefeituras parecem inerte em aprimorar os editais de licitação e os contratos, de modo a selecionar melhor as empresas e estabelecer cláusulas que garantam soluções eficazes para cobrir eventuais lacunas. A incompetência seria a explicação para essa inação? Ou existem outros fatores subjacentes que perpetuam esse ciclo vicioso?

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Viver mais? Talvez... Viver bem? Com certeza!

Reconhecemos a morte como inevitável. Ainda que acreditemos em algo positivo após ela, buscamos prolongar nossa vida ao máximo. Evitar pensar na morte nos ajuda a seguir em frente, enfrentando desafios e apreciando os aspectos prazerosos da existência. O otimismo em relação ao futuro é sustentado pela visão da morte como um evento distante, o que preserva nossos sonhos.

Felizmente, os indivíduos com mais de sessenta anos vivem hoje uma realidade mais favorável que gerações antecessoras, beneficiados pelos progressos da medicina e da indústria farmacêutica. Observa-se um crescente movimento de pessoas dessa faixa etária adotando um estilo de vida mais moderado, com menor consumo de álcool e alimentos e uma redução no ritmo laboral.

A passagem do tempo traz consigo uma série de declínios físicos e mentais, como perda muscular, diabetes, hipertensão, problemas sensoriais, cognitivos e emocionais, além de dificuldades de mobilidade e imunidade. Embora medicamentos possam atenuar alguns desses efeitos, eles não são suficientes por si sós.

Enquanto jovens se exercitam motivados pelo prazer, diversão e estética, idosos cada vez mais aderem a atividades físicas regulares, como caminhadas e academia, focados em benefícios cardíacos, circulatórios, no controle de peso e na saúde mental, prevenindo doenças crônicas e melhorando a qualidade de vida.

A atividade física constante e uma dieta equilibrada são essenciais para a saúde e podem até estender nosso tempo vida, mas não devem ser vistas apenas como meios para adiar o fim. Afinal, a vida pode cessar inesperadamente. Assim, os cuidados com o envelhecimento devem visar sempre ao bem-estar, promovendo um estilo de vida ativo e significativo.

 


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Era só o que faltava: café fake!

 

Tem gosto de café, cor de café, cheiro de café, mas não é café. Um novo produto tem chamado a atenção nos supermercados: o 'cafake', preço bem abaixo do tradicional.

A empresa responsável assegura que se trata de um subproduto do café. A embalagem esclarece tratar-se de uma bebida à base de café, autorizada pela Anvisa. Com mais de três décadas de atuação no mercado, a Master Blends não parece ser uma empresa aventureira, talvez oportunista.

O preço elevado do café, influenciado pela redução da oferta devido as ondas de calor e a valorização do dólar, criou um cenário propício para o surgimento de alternativas. Este é um reflexo direto das leis do capitalismo, onde a escassez leva ao aumento de preços, e com isso, consumidores buscam opções mais acessíveis.

Não é novidade. Grandes e renomadas empresas frequentemente oferecem produtos alternativos quando os preços dos originais se tornam proibitivos. Por exemplo: misturas de requeijão com amido substituindo o requeijão cremoso tradicional; bebidas lácteas fermentadas no lugar de iogurtes integrais; queijos frescais com soro de leite competindo com o queijo minas padrão; alimentos à base de glucose de milho em vez de mel de abelha; misturas lácteas condensadas mais em conta que o leite condensado integral; achocolatados para o chocolate em pó e bombons com coberturas que imitam o chocolate.

Contrariando a ideia de que as empresas podem fixar preços arbitrariamente, é a dinâmica de oferta e demanda que realmente governa o mercado. Quando um produto se torna financeiramente inacessível para uma parcela dos consumidores, observa-se uma queda na demanda ou uma busca por substitutos. Geralmente, após a crise que causou a elevação dos preços, as vendas não retornam aos níveis anteriores. Por essa razão, muitas empresas preferem ajustar a quantidade de produto para manter os preços competitivos.

A composição do 'cafake', segundo a Master Blends, inclui café e polpa de café torrado e moído. No entanto, a ABIC levanta suspeitas, indicando que o pó com sabor de café pode ser derivado de partes da planta de café que não a semente, como cascas, palha, folhas e outros componentes.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

A vida veio do Céu!

 


Desde tempos imemoriais, questionamentos como "De onde viemos?" e "Para onde vamos?" capturam a imaginação humana. A investigação sobre a origem da vida é tão antiga quanto nossa própria história. Essa jornada espelha a curiosidade intrínseca do homem em desvendar sua existência e o universo.

Na Pré-História, mitos surgiram para dar sentido à criação. A Idade Média europeia favoreceu a narrativa bíblica da criação divina, destacando o homem como coroa da criação, à imagem de Deus. Para os ufólogos, a vida na Terra é resultante das visitas de extraterrestres.

Na ciência moderna, a Teoria da Evolução Química, aceita desde 1924, postula que a vida derivou de reações químicas há cerca de 3,5 a 4 bilhões de anos.

Esta semana, um artigo, publicado na respeitadíssima “Nature”, apresentou análise das amostras do asteroide Bennu, revelando compostos orgânicos essenciais, como 14 aminoácidos e bases do DNA — adenina, guanina, citosina e timina —, além de minerais que sugerem a presença de água. A sonda Osiris Rex, da NASA, lançada em 2023, coletou aproximadamente 120 gramas de material de Bennu, um asteroide que orbita próximo à Terra a cada seis anos.

Essas descobertas reforçam a hipótese de que asteroides podem ter trazido água e compostos orgânicos vitais à Terra, fundamentais para o surgimento dos oceanos e da vida, em uma época de intensos bombardeios no início do Sistema Solar.

Embora haja divergências nas interpretações sobre a origem da vida terrestre, uma ideia converge: a vida, de alguma forma, veio do Céu.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

A verdade favorita!

A busca pela verdade é um dos pilares humanos fundamentais e reconhecer a diversidade de suas manifestações é essencial para compreender a complexidade do mundo em que vivemos. Cada tipo de verdade tem suas nuances e importância:

Absoluta: Caracteriza-se por sua universalidade e imutabilidade. Essas verdades são consideradas constantes e não dependem de opinião ou crença pessoal.

Relativa: É a verdade flexível e dependente de pontos de vista individuais ou contextos específicos. O que é verdadeiro em uma cultura ou situação pode não se aplicar a outra.

Consensual: Pode ser observada em decisões coletivas, onde a verdade é uma espécie de média ponderada das opiniões presentes.

Pragmática: A verdade de uma crença é julgada por sua utilidade prática e seus resultados.

Científica: É uma verdade que se constrói através de experimentação, observação e análise crítica. É dinâmica e evolutiva, reconhecendo que novas descobertas podem alterar o entendimento prévio.

Filosófica: Envolve reflexões profundas sobre a existência, a realidade e a moralidade

Moral: Está ligada aos valores éticos e à conduta correta. A verdade moral pode ser influenciada por sistemas de crenças, religiões e normas sociais, variando significativamente entre diferentes sociedades e épocas.

Legal: No âmbito jurídico, a verdade é estabelecida através de processos legais, provas e testemunhos.

Empírica: É aquela que podemos verificar diretamente através dos nossos sentidos ou instrumentos que estendem nossa capacidade de observação.

Subjetiva: É única para cada indivíduo, moldada por suas experiências pessoais, emoções e pontos de vista. Esta forma de verdade é altamente pessoal e pode ser muito diferente de pessoa para pessoa.

Objetiva: Pretende ser independente do observador, como fatos históricos ou descobertas científicas que são aceitas universalmente.

Parcial: Reconhece a pluralidade de perspectivas e a ideia de que a verdade completa pode ser uma soma de diferentes verdades parciais.

Favorita: A que, mesmo com limites de repertório, se adapta ao universo criado para proporcionar felicidade instantânea para uns e, talvez, infelicidade para outros.

A verdade é única! Não tem dono e, inevitavelmente, sempre emerge.




segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Rizolinha, o homem do sapato branco

Ao tomar conhecimento do falecimento de João Baptista de Almeida Rizola, uma memória significativa ressurgiu, envolvendo nossa interação nos idos dos anos oitenta. Conhecido como Rizolinha, ele se destacava em qualquer ambiente. Com sua constituição magra e esbelta, habilidade para uma boa conversa, exalava alegria e simpatia. Sempre bem-vestido, com estilo, carregava uma bolsa de couro e sapatos brancos que realçavam sua presença distinta. Embora nossos encontros não fossem frequentes, trocávamos algumas palavras de vez em quando.

Foi então que Rizolinha, representando a empresa Gaplan, me apresentou a oportunidade de adquirir um consórcio de veículos usados. Ele forneceu todas as informações necessárias, assegurando-me a liberdade de escolha entre diversos modelos. Ao receber o carnê, notei a indicação do modelo SCORT, o que me causou estranheza. Rizolinha, de forma pedagógica, explicou que isso era uma prática comum nos consórcios de usados.

Prossegui com os pagamentos e, ao ser contemplado, a Gaplan instruiu-me a adquirir um SCORT. Busquei Rizolinha novamente, que reiterou a flexibilidade e se comprometeu a resolver a situação. Sem solução imediata, ele me levou à sede da Gaplan em Itu. Após conversarmos com um responsável, fui informado de que a questão seria resolvida. Poucos dias depois, a carta de crédito foi liberada, e Rizolinha se ofereceu para me ajudar na compra.

Dirigimo-nos a Campinas, visitamos diversos estacionamentos, mas nenhum carro me agradou. Almoçamos em um restaurante na estrada para Souzas, local que Rizolinha conhecia desde seus tempos de caminhoneiro.

Na semana seguinte, Rizolinha surpreendeu-me com um Del Rey impecável, de um único dono que eu conhecia. Fechamos o negócio, e fiquei extremamente satisfeito com o veículo, que me serviu até a compra do meu primeiro carro zero, um Ford Verona.

Essa história revela o profissionalismo e a destreza de Rizolinha como vendedor. Embora sua presença marcante frequentemente dividisse opiniões, mantive a confiança e não me decepcionei.

Descanse em paz, Rizolinha.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

O comunismo do Papa Francisco!

Para muitos conservadores, qualquer pessoa que não compartilhe ou não defenda suas mesmas convicções é automaticamente rotulada de comunista, esquerdista, petista ou termos semelhantes. Nem mesmo o Papa Francisco escapa dessa tendência de simplificação e rotulação.

Historicamente, o conservadorismo é uma marca distintiva da Igreja Católica, que se dedica a preservar e transmitir sua doutrina e ensinamentos religiosos ao longo dos séculos. A Igreja, como instituição, tem a função essencial de manter vivos os valores e princípios estabelecidos pela sua teologia e magistério, embora se adapte de maneira gradual às transformações sociais e culturais.

O Colégio Cardinalício, majoritariamente conservador, reflete essa natureza histórica. Dada a necessidade de dois terços dos votos para a eleição de um Papa, é evidente que um Papa com ideais comunistas, como muitos erroneamente interpretam, jamais seria escolhido para liderar a Igreja Católica.

O Papa Francisco, assim como seus antecessores, tem sua lealdade voltada primeiramente para os ensinamentos católicos. Estes incluem uma ampla gama de documentos sociais e encíclicas que abordam justiça social, dignidade humana e equidade, princípios que compõem a Doutrina Social da Igreja. Essa doutrina não se alinha com o comunismo ou outras ideologias políticas. Ela propõe uma reflexão ética sobre como os católicos devem abordar questões de justiça e bem-estar social à luz da fé cristã. Por essa razão, Francisco frequentemente critica a desigualdade social e o consumismo, além de denunciar sistemas que não respeitam a liberdade religiosa e a dignidade individual — aspectos que historicamente o comunismo nem sempre abraçou.

As diferenças entre comunismo e cristianismo são profundas, especialmente quando consideramos a compreensão da existência de Deus. Não discernir essas divergências é resultado não apenas de uma falta de conhecimento sobre o comunismo, mas, principalmente, de uma deficiência na compreensão dos fundamentos dos ensinamentos de Cristo.

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sábado, 11 de janeiro de 2025

Corrupção: do Pau-Brasil ao Orçamento Secreto

A corrupção é unanimemente reconhecida como um câncer a ser extirpado, uma contradição que une o Brasil na reprovação. Ainda assim, ela persiste vigorosa. Por quê?

Desde as raízes coloniais, a corrupção está presente no Brasil, moldando-se às estruturas de poder. No período colonial, a centralização e a vastidão do território permitiam a corrupção sem fiscalização efetiva. O Império formalizou o clientelismo e o nepotismo, enquanto a República Velha viu os coronéis corromperem o processo eleitoral.

A modernização do Estado na Era Vargas abriu novas frentes, especialmente com a maior intervenção estatal na economia. A corrupção se sofisticou, infiltrando-se em contratos e licitações. Mesmo sob a ditadura militar, ela prosperou, embora oculta pela falta de liberdade de imprensa e de instituições de controle independentes.

A redemocratização trouxe demandas por controle e transparência, mas a realidade mostrou-se desafiadora. O impeachment de Collor, os escândalos do Mensalão durante o governo Lula e a Operação Lava Jato são marcos que evidenciam a persistência da corrupção.

A eleição de Bolsonaro introduziu o controverso Orçamento Secreto, uma prática obscura de distribuição de verbas que deslocou poder para o Legislativo sem a devida responsabilização. Lula, reeleito com a promessa de reprimir abusos, viu a resistência do Congresso a tais mudanças se acentuar.

Políticos brasileiros frequentemente exploram a plataforma anticorrupção durante as eleições, mas uma vez no poder, o tema é negligenciado. Infelizmente, muitos eleitores não pressionam por mudanças significativas e até resistem a elas, seja por desinformação ou por algum benefício direto ou indireto das práticas corruptas e de sonegação.

A chave para enfrentar a corrupção não está apenas em leis mais severas, mas em uma transformação cultural que promova a ética e a responsabilidade como valores inegociáveis. A sociedade deve exigir transparência e rejeitar a corrupção sistematicamente, enquanto fortalece as instituições de controle e mantém um jornalismo livre e investigativo. Só assim o Brasil poderá avançar efetivamente nesse mal histórico que tanto o aflige.

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Jesus também foi um refugiado!

O cristianismo predomina em muitos países desenvolvidos e democráticos, sendo que nos EUA e na Europa mais de 60% da população se identifica como cristã. Essas nações frequentemente são escolhidas por aqueles que buscam segurança, estabilidade e oportunidades de trabalho, fugindo de perseguições motivadas por questões de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou de situações de conflito armado e fome.

A história bíblica de José, Maria e o Menino Jesus ilustra a antiga e universal necessidade de buscar refúgio. Após o nascimento de Jesus, a Sagrada Família encontrou abrigo no Egito para escapar do cruel decreto de Herodes, que ordenava a execução de crianças com menos de dois anos. Esse episódio foi crucial para a preservação da vida de Jesus, figura central na fé cristã.

A questão da imigração envolve complexidades socioeconômicas e culturais. Entende-se a preocupação com a chegada de estrangeiros. Contudo, para os cristãos, é imperativo refletir sobre os ensinamentos de Jesus, que destacam a importância do acolhimento e da compaixão para com os necessitados. Jesus disse: "Tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era estrangeiro, e me acolhestes." Ele também proclamou: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", como manifestação tangível do amor a Deus.

Apesar de a maioria dos cidadãos americanos e europeus, assim como brasileiros, se declararem cristãos, a demonstração de compaixão pelos refugiados e pelos desfavorecidos não reflete integralmente os ensinamentos de Jesus. Observa-se uma aparente discrepância entre a fé professada e as ações concretas de solidariedade.

É provável que essas incoerências entre crença e prática social estejam associadas à redução na adesão ao cristianismo. Há um século, mais de 90% da população ocidental se identificava como cristã. Atualmente, beira os 60%. Aumentou o número de indivíduos que não se vinculam a nenhuma religião, superando em alguns casos a população cristã. No Brasil, dados do censo de 2022 revelam que um em cada quatro jovens optou por não declarar uma religião, indicando uma tendência de secularização, especialmente entre as novas gerações.