segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Era só o que faltava: café fake!

 

Tem gosto de café, cor de café, cheiro de café, mas não é café. Um novo produto tem chamado a atenção nos supermercados: o 'cafake', preço bem abaixo do tradicional.

A empresa responsável assegura que se trata de um subproduto do café. A embalagem esclarece tratar-se de uma bebida à base de café, autorizada pela Anvisa. Com mais de três décadas de atuação no mercado, a Master Blends não parece ser uma empresa aventureira, talvez oportunista.

O preço elevado do café, influenciado pela redução da oferta devido as ondas de calor e a valorização do dólar, criou um cenário propício para o surgimento de alternativas. Este é um reflexo direto das leis do capitalismo, onde a escassez leva ao aumento de preços, e com isso, consumidores buscam opções mais acessíveis.

Não é novidade. Grandes e renomadas empresas frequentemente oferecem produtos alternativos quando os preços dos originais se tornam proibitivos. Por exemplo: misturas de requeijão com amido substituindo o requeijão cremoso tradicional; bebidas lácteas fermentadas no lugar de iogurtes integrais; queijos frescais com soro de leite competindo com o queijo minas padrão; alimentos à base de glucose de milho em vez de mel de abelha; misturas lácteas condensadas mais em conta que o leite condensado integral; achocolatados para o chocolate em pó e bombons com coberturas que imitam o chocolate.

Contrariando a ideia de que as empresas podem fixar preços arbitrariamente, é a dinâmica de oferta e demanda que realmente governa o mercado. Quando um produto se torna financeiramente inacessível para uma parcela dos consumidores, observa-se uma queda na demanda ou uma busca por substitutos. Geralmente, após a crise que causou a elevação dos preços, as vendas não retornam aos níveis anteriores. Por essa razão, muitas empresas preferem ajustar a quantidade de produto para manter os preços competitivos.

A composição do 'cafake', segundo a Master Blends, inclui café e polpa de café torrado e moído. No entanto, a ABIC levanta suspeitas, indicando que o pó com sabor de café pode ser derivado de partes da planta de café que não a semente, como cascas, palha, folhas e outros componentes.