sábado, 11 de janeiro de 2025

Corrupção: do Pau-Brasil ao Orçamento Secreto

A corrupção é unanimemente reconhecida como um câncer a ser extirpado, uma contradição que une o Brasil na reprovação. Ainda assim, ela persiste vigorosa. Por quê?

Desde as raízes coloniais, a corrupção está presente no Brasil, moldando-se às estruturas de poder. No período colonial, a centralização e a vastidão do território permitiam a corrupção sem fiscalização efetiva. O Império formalizou o clientelismo e o nepotismo, enquanto a República Velha viu os coronéis corromperem o processo eleitoral.

A modernização do Estado na Era Vargas abriu novas frentes, especialmente com a maior intervenção estatal na economia. A corrupção se sofisticou, infiltrando-se em contratos e licitações. Mesmo sob a ditadura militar, ela prosperou, embora oculta pela falta de liberdade de imprensa e de instituições de controle independentes.

A redemocratização trouxe demandas por controle e transparência, mas a realidade mostrou-se desafiadora. O impeachment de Collor, os escândalos do Mensalão durante o governo Lula e a Operação Lava Jato são marcos que evidenciam a persistência da corrupção.

A eleição de Bolsonaro introduziu o controverso Orçamento Secreto, uma prática obscura de distribuição de verbas que deslocou poder para o Legislativo sem a devida responsabilização. Lula, reeleito com a promessa de reprimir abusos, viu a resistência do Congresso a tais mudanças se acentuar.

Políticos brasileiros frequentemente exploram a plataforma anticorrupção durante as eleições, mas uma vez no poder, o tema é negligenciado. Infelizmente, muitos eleitores não pressionam por mudanças significativas e até resistem a elas, seja por desinformação ou por algum benefício direto ou indireto das práticas corruptas e de sonegação.

A chave para enfrentar a corrupção não está apenas em leis mais severas, mas em uma transformação cultural que promova a ética e a responsabilidade como valores inegociáveis. A sociedade deve exigir transparência e rejeitar a corrupção sistematicamente, enquanto fortalece as instituições de controle e mantém um jornalismo livre e investigativo. Só assim o Brasil poderá avançar efetivamente nesse mal histórico que tanto o aflige.

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