Desde as raízes coloniais, a
corrupção está presente no Brasil, moldando-se às estruturas de poder. No
período colonial, a centralização e a vastidão do território permitiam a
corrupção sem fiscalização efetiva. O Império formalizou o clientelismo e o nepotismo,
enquanto a República Velha viu os coronéis corromperem o processo eleitoral.
A modernização do Estado na Era
Vargas abriu novas frentes, especialmente com a maior intervenção estatal na
economia. A corrupção se sofisticou, infiltrando-se em contratos e licitações.
Mesmo sob a ditadura militar, ela prosperou, embora oculta pela falta de
liberdade de imprensa e de instituições de controle independentes.
A redemocratização trouxe
demandas por controle e transparência, mas a realidade mostrou-se desafiadora.
O impeachment de Collor, os escândalos do Mensalão durante o governo Lula e a
Operação Lava Jato são marcos que evidenciam a persistência da corrupção.
A eleição de Bolsonaro introduziu
o controverso Orçamento Secreto, uma prática obscura de distribuição de verbas
que deslocou poder para o Legislativo sem a devida responsabilização. Lula,
reeleito com a promessa de reprimir abusos, viu a resistência do Congresso a
tais mudanças se acentuar.
Políticos brasileiros
frequentemente exploram a plataforma anticorrupção durante as eleições, mas uma
vez no poder, o tema é negligenciado. Infelizmente, muitos eleitores não
pressionam por mudanças significativas e até resistem a elas, seja por
desinformação ou por algum benefício direto ou indireto das práticas corruptas
e de sonegação.
A chave para enfrentar a
corrupção não está apenas em leis mais severas, mas em uma transformação
cultural que promova a ética e a responsabilidade como valores inegociáveis. A
sociedade deve exigir transparência e rejeitar a corrupção sistematicamente, enquanto
fortalece as instituições de controle e mantém um jornalismo livre e
investigativo. Só assim o Brasil poderá avançar efetivamente nesse mal
histórico que tanto o aflige.
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