sexta-feira, 18 de abril de 2025

Não se formam mais cristãos como antigamente

 A tradição sugere que durante a Semana Santa, especialmente na Sexta-feira da Paixão, deve-se observar uma postura de abstinência, com um tom mais reflexivo, menos eufórico, favorecendo a oração, o silêncio e a introspecção. Em tempos passados, as famílias aderiam a um recolhimento doméstico, optando por uma dieta quase vegetariana ao evitar carne, e mantinham um ambiente de respeito e sobriedade, o que se refletia até mesmo na tranquilidade das ruas.

Essas práticas alimentares tinham um propósito além da devoção: reduzir despesas para que os recursos economizados pudessem ser destinados à caridade, auxiliando os menos afortunados. Era um momento de solidariedade e de lembrar-se daqueles que vivem em condições precárias.

Contudo, a realidade contemporânea apresenta um cenário bem distinto. Supermercados e bares estão repletos na Quinta-feira Santa, enquanto a Sexta-feira é marcada por estradas congestionadas, tudo isso em busca de entretenimento e prazer. O consumo de pescados caros no almoço substituiu a antiga prática de economia para fins caritativos.

Essa transformação não é recente, pois tais mudanças já se consolidaram há pelo menos trinta anos. Mais alarmante, porém, é a crescente tendência de cristãos desconsiderarem um dos mandamentos centrais de Jesus Cristo: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei". Infelizmente, observa-se uma contradição flagrante, com indivíduos que professam o cristianismo proferindo discursos de ódio e justificando a pobreza pela suposta falta de diligência dos pobres, em um equívoco que desvirtua o espírito de compaixão e amor ao próximo.

Não é minha intenção julgar ou condenar quem escolhe celebrar a Semana Santa com festividades gastronômicas ou viagens. Cada pessoa é capaz de discernir o que melhor se aplica a si e aos seus entes queridos. O que merece reflexão crítica, entretanto, é o comportamento daqueles que se autodenominam cristãos, mas não incorporam os valores e ensinamentos que essa fé representa. A verdadeira essência do cristianismo parece ser negligenciada por muitos que se esquecem de que a prosperidade espiritual também depende do respeito e da prática dos ensinamentos de Cristo.