domingo, 16 de fevereiro de 2025

O problema do lixo em Itapira

O tema é persistente e causa frequente descontentamento: a coleta de lixo doméstico, um serviço essencial, frequentemente não é realizada conforme o esperado. A empresa contratada para essa função não cumpre suas obrigações, um problema que, infelizmente, não é exclusividade local. A questão que se impõe é: até quando essa situação perdurará?

Em Itapira, outrora a coleta de lixo era gerida diretamente pela prefeitura. Naquela época, qualquer interrupção no serviço refletia imediatamente na responsabilidade do prefeito, o que, evidentemente, tornava as falhas menos comuns.

Com a terceirização dos serviços, um mecanismo amplamente adotado pelas prefeituras nos últimos anos, a figura do prefeito foi, de certa forma, blindada das reclamações diretas. Setores cruciais como gestão de lixo, limpeza pública, transporte urbano, saúde e fornecimento de merenda escolar foram transferidos para o setor privado. Embora essa estratégia tenha aliviado a pressão sobre os prefeitos, ela introduziu incertezas e preocupações para os cidadãos. Passados um quarto de século, os problemas não só persistem como se agravam.

Além da má qualidade, foram abertas brechas para irregularidades como superfaturamento, uso de cargos para fins eleitorais, contratações fictícias e desvio de recursos públicos. Como se não bastasse, o crime organizado infiltrou-se nesse cenário, envolvendo-se em atividades ilícitas como lavagem de dinheiro e financiamento de campanhas políticas, com o intuito de expandir sua influência.

Enquanto isso, muitas prefeituras parecem inerte em aprimorar os editais de licitação e os contratos, de modo a selecionar melhor as empresas e estabelecer cláusulas que garantam soluções eficazes para cobrir eventuais lacunas. A incompetência seria a explicação para essa inação? Ou existem outros fatores subjacentes que perpetuam esse ciclo vicioso?