Em Itapira, outrora a coleta de
lixo era gerida diretamente pela prefeitura. Naquela época, qualquer
interrupção no serviço refletia imediatamente na responsabilidade do prefeito,
o que, evidentemente, tornava as falhas menos comuns.
Com a terceirização dos serviços,
um mecanismo amplamente adotado pelas prefeituras nos últimos anos, a figura do
prefeito foi, de certa forma, blindada das reclamações diretas. Setores
cruciais como gestão de lixo, limpeza pública, transporte urbano, saúde e
fornecimento de merenda escolar foram transferidos para o setor privado. Embora
essa estratégia tenha aliviado a pressão sobre os prefeitos, ela introduziu
incertezas e preocupações para os cidadãos. Passados um quarto de século, os
problemas não só persistem como se agravam.
Além da má qualidade, foram
abertas brechas para irregularidades como superfaturamento, uso de cargos para
fins eleitorais, contratações fictícias e desvio de recursos públicos. Como se
não bastasse, o crime organizado infiltrou-se nesse cenário, envolvendo-se em
atividades ilícitas como lavagem de dinheiro e financiamento de campanhas
políticas, com o intuito de expandir sua influência.
Enquanto isso, muitas prefeituras
parecem inerte em aprimorar os editais de licitação e os contratos, de modo a
selecionar melhor as empresas e estabelecer cláusulas que garantam soluções
eficazes para cobrir eventuais lacunas. A incompetência seria a explicação para
essa inação? Ou existem outros fatores subjacentes que perpetuam esse ciclo
vicioso?