segunda-feira, 3 de março de 2025

“Ainda estou aqui” desbancou até o Carnaval

Quem poderia imaginar? A cerimônia de premiação de um filme rivalizando com o carnaval, a maior festa popular do planeta. Uma celebração que mobiliza diretamente e indiretamente mais da metade da população brasileira, tornando-se o assunto predominante em conversas e noticiários.

Não se trata de uma premiação trivial. Estamos falando do Oscar, que se aproxima de um século de existência, estabelecido para homenagear anualmente as mais notáveis produções cinematográficas dos EUA e do globo. O longa-metragem brasileiro "Ainda estou aqui" conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional, um feito que reflete o julgamento de cerca de 10 mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Vale ressaltar que o voto é exclusivo para aqueles que assistiram às obras em tela grande, garantindo uma avaliação imersiva.

Esta é a primeira vez que um filme brasileiro alcança tal honraria. Para dimensionar a magnitude dessa conquista, desde a criação da categoria, apenas três outros países das Américas receberam a cobiçada estatueta: a Argentina, com duas vitórias, e o México e o Chile, cada um com uma.

Na seleção do vencedor, são ponderados critérios rigorosos: a excelência artística e técnica, incluindo roteiro, direção, atuações, fotografia, entre outros aspectos; o impacto emocional e narrativo da obra; sua relevância cultural e social; além de originalidade e inovação cinematográfica. Uma particularidade desta premiação é que, diferentemente de outras categorias, o prêmio é atribuído ao país representado pelo filme.

O brilho do momento estendeu-se também à indicação de Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz, além do filme ter sido reconhecido entre os 10 Melhores do ano.

"Ainda estou aqui" não apenas celebra uma vitória significativa para o cinema brasileiro, mas também desempenha um papel crucial ao desvelar para muitos uma realidade histórica até então ignorada por uma parcela significativa da nossa população, ao mesmo tempo em que compartilha com o mundo as nuances de viver sob o véu opressivo de uma ditadura.