quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Totonho, ser ou não ser. Eis a questão!


Totonho Munhoz nasceu político para Itapira em 1976. Governou a cidade de 1977 a 1982. Não demorou para que a sua administração, inovadora e corajosa, se espalhasse além-fronteiras. Foi uma grande revolução. Nem o mais ferrenho opositor, de ontem ou de hoje, ousa negar-lhe os feitos. Os olhos das administrações anteriores eram voltados para os setores mais aquinhoados da cidade, como o centro e a Nova Itapira. Os bairros periféricos ficavam ao Deus dará: não tinha água tratada, esgoto coletado, ruas pavimentadas e nem energia elétrica. O déficit habitacional era estratosférico, estávamos fadados, como em outras cidades, ao surgimento de favelas se nada fosse feito. Naqueles seis anos, a cidade inteira foi pavimentada, o saneamento básico chegou a todos os cantos, obras importantes foram executadas, além da implantação do serviço municipal de saúde, ativação de projetos culturais e esportivos. Não foi coisa pouca. Era o prenuncio de uma das carreiras política mais promissoras e longevas do Brasil.

 

De Itapira, Totonho foi o único a ser eleito três vezes prefeito. Da região, foi o único a conquistar seis vezes uma cadeira como deputado Estadual; a exercer cargos como: chefe do escritório paulista da Petrobrás, subprefeito de Santo Amaro, Secretário Estadual e Ministro da Agricultura. Do Estado foi o único a ser indicado três vezes para o cargo de líder do governo, além de presidir a Assembleia Legislativa Estadual duas vezes, sacramentado por 92 dos 94 votos possíveis.

  

Nem tudo na carreira dele é ou foi um mar de rosas. À medida que esse político vindo do interior ganhava projeção e era cada vez mais requisitado por prefeitos e políticos, por aqui, em Itapira, cresciam inimigos dispostos a freá-lo a qualquer custo. Objetivo? Deixar Itapira sem o prestígio e a força política que ele conquistava a passos largos.

 

Das últimas 20 eleições no município, Totonho como candidato foi sempre o mais votado ou, quando não disputava, transferia larga margem de votos aos candidatos a prefeito e deputados apoiados por ele. Como deputado estadual sempre figurou na lista dos mais votados do Estado. Apenas nas duas eleições municipais de 2004 e 2008 os candidatos apoiados por ele foram derrotados. Um índice de aproveitamento, diriam os especialistas, de 90%.

 

É perfeitamente observável em todas eleições que ocorrem no município, que Totonho é eleito por antecipação como uma presa a ser abatida. Recebe oposição sistemática diuturnamente. A fixação dos seus opositores é tão grande que a primeira impressão é de que o troféu a ser conquistado é a derrubada da liderança política dele. Nisso, acabam perdendo o foco. Aparentam, por consequência, despreparo para assumir os postos disputados e se mostram desprovidos de projeto político consistente para o município. Talvez resida nesse ponto o baixo índice de aproveitamento deles nas disputas locais e deputados que eles tentaram apoiar.  

 

É verdade que Totonho tem sua parcela de responsabilidade ao angariar tais inimigos. À medida que galgava os degraus do sucesso, na ânsia de defender seu projeto político e defender os interesses do município, atropelava nos exageros com ações intempestivas e carregava na verborragia que lhe é peculiar. Defeitos que ele sempre reconheceu publicamente, diga se de passagem. O interessante nesse ponto é que nos últimos anos, personalidades como Trump, nos EUA, e Bolsonaro, no Brasil, valem-se exatamente dos mesmos expedientes - intempestividade e verborragia - e são considerados, entretanto, por seus apoiadores, como homens autênticos e políticos da nova cepa. E durma-se com um barulho desses!

 

Apesar das desavenças locais, há se ressaltar que esse mesmo Totonho granjeou amigos de todos os matizes, da direita à esquerda, e hoje está colocado entre os políticos brasileiros mais influentes da sua geração. É consultado todos os dias por colegas, prefeitos, governadores e pela classe política em geral. Esse atributo, que não é de hoje, vem do começo da sua carreira. Para quem não sabe, Totonho não apoiou a eleição da maioria dos governadores paulistas, mas conseguiu se sobressair e conquistar recursos graças à força política reconhecida e do seu alto poder de articulação. Talvez seja a hora de perguntar: como sustentar a demonização dele tanto pretendida pela oposição?

 

A história não admite a condicional “se”, mas considerando o histórico de 1820 a 1976 é possível imaginar o que seria de Itapira, por exemplo, sem o Hospital Municipal, sem a Avenida dos Italianos, sem os conjuntos habitacionais, sem a industrialização agressiva no terceiro mandato, sem o saneamento básico chegando em todas as casas e esgoto 100% tratado, sem as faculdades, sem a ETEC... Seguramente, não seriamos a mesma cidade. Há de se reconhecer e a história registrará, que tantas conquistas são incomuns para a maioria dos municípios.

 

A ação política de Totonho Munhoz transcende as ações dos políticos melhores aprovados do país. Um sucesso que não é por acaso, colocou a coragem à frente da covardia, não se apaixonou apenas pelas iniciativas de agrado popular, nunca desistiu de uma luta justa e necessária. Por isso, alguns querem tirá-lo de cena, querem tirá-lo de Itapira. Uma tarefa inglória!

 

O título deste texto foi inspirado na frase hamletiana “To be, or not to be, that is the question” de Shakespeare, que tudo tem a ver com a personalidade política de Totonho Munhoz. Nessa obra, Hamlet nos leva à natureza do pensar na questão da covardia e da grandeza, quando diz que ser grande não é permanecer imóvel esperando por uma grande causa, mas entrar em briga grande mesmo por uma palha. Totonho nunca escondeu sua condição humana, sempre expos suas qualidades e seus defeitos, assumiu o seu amor imensurável por Itapira e por ela move céus e terras para melhorar a vida dos itapirenses.

 

Encerro este artigo citando, em tradução livre, as primeiras linhas da cena de Hamlet onde a frase mais famosa aparece:

“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre

Em nosso espírito sofrer pedras e flechas

Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,

Ou insurgir-nos contra um mar de provocações

E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.”