Quem gosta de política, como eu,
deve estar acompanhando as apurações dos votos dos EUA. Não resta a menor
dúvida, um show de democracia associado a um show de dúvidas e incertezas por
conta de um sistema arcaico de votação e apuração.
Melhor seria, imagino, que as
apurações dos votos americanos ocorressem como no Brasil, onde há vinte e dois
anos nenhuma questiúncula em relação à lisura do processo de contagem da
vontade popular é significativa, sem falar na rapidez com que os resultados são
apresentados. Ponto para o Brasil.
Nem tudo são flores, se
conseguimos implantar um sistema eficiente de apuração dos votos, não podemos
dizer o mesmo quanto à apuração dos recursos de campanha, abastecidos pelo
famoso caixa dois oriundo de corrupção e de troca de favores lucrativos
futuros. Ponto para os EUA.
O sistema americano, ao que
parece, mantém-se anacrônico para mexer o mínimo possível com a configuração
política. Apesar de eleições mais frequentes que a brasileira para as câmaras
legislativas, por exemplo, o índice de renovação é baixíssimo, só aumenta
quando os veteranos desistem das disputas por aposentadoria ou por problemas
pessoais. No quesito renovação, o Brasil nas eleições de 2018 alcançou quase
50% na Câmara dos Deputados e 85% nas cadeiras do Senado. Ponto para o Brasil.
Nos EUA, o grosso dos gastos
públicos fica com os 50 estados, por essa razão, são eles que acumulam
denúncias de corrupção, quando elas aparecem. Nos últimos quatro anos, os EUA
saíram da lista dos 20 primeiros países com menor percepção de corrupção,
segundo o relatório anual da Transparência Internacional com sede em Berlim,
mesmo assim, os escolhidos pelos americanos se mostram menos corruptos do que
os escolhidos pelos brasileiros. Ponto para os EUA.
Quem sabe, um dia, a gente
consegue virar esse jogo.