segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Quando um dia é muito pouco para o Natal



Bom seria se a rotina cedesse lugar,

e cada coração, em liberdade, pudesse vibrar.

Assim, a vida, em seu eterno dançar,

com novos tons, em consonância, se coloriria.

 

Ah, quão sublime se a festa se despedisse,

com almas a entoar seus hinos genuínos, sem temor.

O dia que nasceria, repleto de promessa,

na pluralidade de gestos, a paz encontraria o amor.

 

Contudo, no silêncio da noite, a ironia flutua,

entre luzes cintilantes, a hipocrisia se entrelaça.

Famílias unidas, tantas vezes, em laços de mentira,

sorrindo para câmeras, enquanto almas se desunem.

 

Papai Noel, símbolo de alegria encenada,

em embalagens vistosas, a verdade se oculta.

Consumo desenfreado, a paz é apenas bordada,

na tapeçaria de um Natal onde sinceridade se perde.

 

Coros cantam sobre amor e união,

mas olhares se desviam, evitando a conversa franca.

Presentes trocados com um sorriso de fachada,

escondem o vazio de laços quase desfeitos.

 

Árvores carregadas de enfeites e esperanças falaciosas,

decorações que ofuscam os corações desprovidos.

O espírito natalino, uma cortina de farsas,

esconde a indiferença sob mantos de luzes coloridas.

 

Votos de felicidade sem fim,

mas as palavras, despidas de convicção,

a cada "Feliz Natal", um desejo contido,

quando a verdade é um grito silenciado.

 

A comida transborda, farta na mesa,

mas a bondade que deveria alimentar, onde se esconde?

Na noite que celebra o nascimento da singeleza,

a ostentação reina, e o simples se perde, não se vê.

 

E o Menino Jesus, no seu humilde presépio,

observa a encenação com um olhar que tudo alcança.

O Natal verdadeiro é um clamor no silêncio,

sufocado pelo tilintar do material que avança.

 

Então, que o sino da meia-noite ressoe,

e com sua harmonia, traga a verdade, crua e nua.

Que a poesia do Natal não se perca,

e a sinceridade floresça, mesmo após a lua.

 

Lembremos, entre versos e reflexões,

que a mudança brota de gestos, não de ditas frases.

A verdadeira magia das festas natalinas,

está em sermos melhores, não só na noite, mas na vida.