domingo, 2 de outubro de 2022

Haverá Fake News depois das eleições?

Nas eleições deste ano não estarão em jogo apenas o futuro do Brasil, mas, provavelmente, o futuro das Fake News tal qual as conhecemos. Não morrerão, mas não serão mais as mesmas.

As Fake News ganharam relevância ao adotarem temas políticos, usadas, sem parcimônia, por todos os espectros, da extrema direita à extrema esquerda, mas nenhum assunto fica fora dos seus radares. Elas não são fenômenos da modernidade, da tecnologia. Antes, eram conhecidas como: fofoca, mexerico, boato, babado, bisbilhotice, disse me disse, falatório, futrica, fuxico... A vida alheia e os assuntos polêmicos sempre estiveram na boca do povo, uns partindo de algum rastilho de verdade enveredando para o exagero ou para a mentira, outros, na total maledicência, com a finalidade de prejudicar uns e beneficiar outros. A diferença básica, nesse caminhar do tempo, é que hoje, com o auxílio das redes sociais e seus algoritmos, elas atingem mais pessoas interessadas de forma rápida e num curtíssimo espaço de tempo. Em qualquer época, paradoxalmente, as notícias falsas, por algum tempo, são mais acreditadas do que as verdadeiras. Processo explicado pela busca por informações que vão ao encontro das crenças, de qualquer natureza, das pessoas que descartam toda e qualquer ideia que as contrariem. Para esses, o importante não é necessariamente a verdade, mas a sincronização com as suas visões de mundo, nem sempre ética e muito menos recheadas de informações fundamentadas.

As Fake News versam de tudo: das receitas caseiras, às teorias da conspiração; das montagens criminosas, às informações desencontradas; da vida das celebridades às inspirações negacionistas; enfim, tudo que poderá provocar interesse e adesão. Antigamente, os boateiros eram considerados como gente que não tinha mais nada o que fazer na vida. Hoje, os principais agentes de Fake News são: os criadores de conteúdo que ganham muito dinheiro nas redes sociais e sites, às custas da incredulidade ou da falta de conhecimento; os defensores de causas políticas por convicção ou contratados para tais finalidades; os humoristas que usam a mentira e a sátira como profissão ou sobrevivência; e, também, aqueles que não tem outra coisa para fazer na vida. Em suma, a maioria dos fofoqueiros da atualidade fizeram da mentira um meio para ganhar dinheiro ou para levar a obscuridade aos incautos. Depois da enorme visibilidade proporcionada pela internet, além de prejudicar pessoas comuns atingidas, as de cunho político passaram a influenciar o futuro de diversas nações, assim como ocorreu na Itália, Reino Unido, EUA e Brasil. Será que elas manterão esse mesmo status?

As Fake News, segundo estudos, continuarão gozando de audiência com redução gradativa da influência que exercem. A prática está fazendo com que o público aprenda a lidar com elas, estabelecendo os limites de veracidade e de influência. À medida que o tempo passa, a mentira sucumbe e a verdade se revela, tal qual as famosas fofocas que caíram na vala do descrédito para a maioria.

Das Fake News que assolaram o país nos últimos tempos, muitas já caíram em desgraça: as que diziam que a Terra era plana; as que afirmavam que a pandemia da Covid seria debelada rápida e naturalmente, sem qualquer perigo para as pessoas; as campanhas negacionistas em geral. Outras estão no caminho do esquecimento, como as que indicam que as urnas poderão fraudar os resultados ou as que colocam pesquisas falseadas ou inventadas, tão logo as urnas mostrarem os resultados reais dentro das tendências apontadas pelos principais institutos.

A produção de fatos mentirosos ou modificados para atender interesses escusos, os boatos, faz parte da história da humanidade e assim continuarão, como divertimento. A boa notícia é que a cada dia as Fake News terão reduzidas as suas capacidades de influenciar as pessoas. Como tudo nessa vida, a evolução da inteligência e a busca pela informação confiável fazem parte do processo natural.