segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O Baile dos Mascarados

 


É incrível, mas todas as gerações que passaram por este mundo fizeram o mesmo que a atual tenta fazer sem sucesso: manter o mundo imutável, do jeito que conheceu, sem mudanças significativas. Eu me refiro às mudanças sociais, que mexe com as configurações e com as estruturas da sociedade, alterando as referências culturais, os padrões de comportamento e os valores que regulam as relações individuais. Mudanças que vão dando aos mais velhos a dimensão de que realmente ficaram mais velhos. Essas mudanças nem sempre são acertadas, mas certamente são corrigidas ao longo do tempo, pois a motivação é a busca por mundo melhor. O mundo não deixa de mudar só para não contrariar os que não querem as mudanças, por mais ardorosa que seja a torcida contraria.

Até o início do século XX, entrava geração, saía geração, pouca coisa mudava. A partir de 1925 seis gerações transformaram o mundo: Veteranos, Baby Boomer, X, Y, Z e Alfa. Cada uma delas, com características próprias, impôs mudanças socialmente mais agressivas, renovando conceitos, apesar de muita resistência. O mundo é totalmente diferente do que há cem anos. Descobrimos que somos seres em transformação, que somos levados pela natureza, pela sociedade, pelas etapas da vida e pelo nosso crescimento pessoal. Somos mais escolarizados e mais conectados com o mundo. A cada avanço, as resistências caem. Os mais resistentes, mais cedo ou mais tarde, são vencidos. Quem não se rende acaba sofrendo por mais tempo. É a lei da evolução social que exige adaptação.

O termo “mascarado”, para ficarmos em um simples e corriqueiro exemplo, na minha vida aparece em quatro momentos distintos. O primeiro, nas brincadeiras de mocinho e bandido e nos bailes carnavalescos; só alegria. O segundo me faz lembrar dos amigos e conhecidos bons de bola ou bons de escola ou bons de qualquer outra coisa que, dependendo da postura arrogante, a gente chamava de “mascarado”; pura dor de cotovelo. O terceiro vem dos bandidos que usavam máscaras (muitos ainda usam) para a prática de crimes reais ou nos filmes; motivo de preocupação. Finalmente, o quarto, a máscara que veio para reduzir a propagação do vírus e nos proteger da Covid-19; medo de morrer.

Quando se fala em um mundo em transformação, devemos considerar: os fenômenos atmosféricos e climáticos; os grandes conflitos de poder, terra ou religião; a fome; as investidas ditatoriais, os arroubos da juventude e as pandemias que impactaram a humanidade: Peste Negra, século XIV, onde cerca de 150 milhões de pessoas morreram e a Gripe Espanhola, de 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas. A máscara foi ajudante fundamental.

Hoje ninguém mais associa em primeiro plano a máscara como um adereço de brincadeira ou de carnaval ou de bandidagem. A máscara mais famosa é a que quase todo mundo está usando e que poderá ser um acessório presente nas nossas vidas daqui em diante.

O Baile dos Mascarados pode não terminar quando o Sol raiar. Depende de nós!