No dia 24 de outubro celebramos a
data de fundação de Itapira. Não é um dia qualquer. É o aniversário da minha
cidade. No bolo, 201 velhinhas.
Itapira recebeu os meus
antepassados, imigrantes italianos. Aqui meus pais nasceram, viveram, faleceram
e onde estão sepultados. Neste lugar nasci, me criei, formei a minha família e
construí grandes amizades. Nunca imaginei, nem por brincadeira, morando em outro
lugar e o que faria se tivesse que partir, um dia, de mala e cuia.
Não contando os meus primeiros anos
de vida, estou há 60 anos pisando neste chão - testemunha das minhas andanças –
e participando direta ou indiretamente ou como espectador da maioria dos
acontecimentos que escreveram a história recente da minha cidade.
Observo que Itapira vem mudando a
cada ano. O “24 de outubro” de hoje não é tão festivo como o de antigamente.
Noutros tempos, nessa data, eu tinha a sensação de que a cidade inteira se
reunia na Praça Bernardino e na Rua José Bonifácio. De manhã, nos desfiles. À
noite, nos shows. Era uma das datas mais esperadas do ano. O carnaval colocava
o povo nos salões e nos desfiles de rua. A moçada marcava presença todos os sábados
e domingos na praça central. As ruas com pedras foram trocadas pelo asfalto. Os
velhos casarões, pouco a pouco, são substituídos por construções modernas. A
Itapira da minha infância e adolescência quase não existe mais, mas está salva
na minha memória que conta com obras primorosas de historiadores dedicados como
Jácomo Mandato e Arlindo Bellini.
Em 1960, a população do município
de Itapira girava em torno de 37 mil habitantes, mas na cidade não passávamos
de 17 mil. Em 1970, subimos para 25 mil. Era uma maravilha. Pouco trânsito. Não
tínhamos problemas com a falta de segurança, meia dúzia de soldados dava conta
do recado. As madrugadas eram para quem quisesse curti-las. Hoje, com a
população urbana está quadriplicada, o desenvolvimento nos beneficiou, mas trouxe
problemas que não tínhamos a tiracolo.
A minha Itapira de hoje sente
falta de tanta gente que partiu, da praça cheia de gente, dos bares que não
existem mais. A minha Itapira nunca foi só minha, pois nada pude fazer para
mantê-la do jeito que eu queria. É que ela é de todos que aqui nasceram ou dos que
a adotou como sua, principalmente, daqueles que aqui nasceram depois de mim, gente
com novas ideias, com novas expectativas. É a trilha inexorável da evolução,
goste eu ou não. Que assim seja e assim será para sempre!