terça-feira, 4 de junho de 2024

Um condenado na presidência dos EUA?

Os Estados Unidos da América possuem todas as falhas típicas de uma superpotência mundial. Utilizando sua supremacia econômica, força militar, influência cultural e liderança global, muitas vezes interferiram, e continuam interferindo, no desenvolvimento social, econômico e cultural de outros países, nem sempre por boas causas. Essas interferências não são inéditas, pois a história está repleta de exemplos de hegemonias similares, como os Impérios Romano, Otomano e Britânico.

Ninguém pode negar, no entanto, o poder que a constituição americana dá ao seu povo nas eleições. Em cinco meses, os eleitores americanos irão às urnas para escolher o próximo presidente, e pela primeira vez, um candidato condenado por um júri popular por um crime de fraude contábil em 34 acusações ao ocultar um pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels na eleição de 2016. Embora caiba recurso, a maioria dos juristas americanos não vê chance de revisão.

A democracia americana é robusta, garantindo a participação ativa dos cidadãos e o respeito aos direitos individuais e coletivos. O eleitor religioso poderia se recusar a votar em Trump devido ao fato de ele ter mantido uma relação extraconjugal enquanto sua esposa acabava de dar à luz; o eleitor honesto poderia rejeitá-lo por ter utilizado meios ilícitos para ganhar uma eleição, mesmo que esses fatos não tenham sido os objetos da condenação, que foi por fraude contábil.

É possível imaginar uma democracia que permita a eleição de um condenado criminalmente? Do ponto de vista moral e ético, não. Mas, sob a ótica da soberania popular, sim. A maioria, no momento do voto, deve decidir se as qualidades do candidato superam ou não seus defeitos. Por enquanto, segundo os institutos de pesquisa americanos, Trump parece ser o próximo presidente dos EUA.