quarta-feira, 19 de junho de 2024

A qualidade da água tratada de Itapira estaria ameaçada?

A prefeitura anunciou recentemente a obtenção de R$ 30 milhões do governo federal para a construção de um novo sistema de captação de água no Rio do Peixe, com o objetivo de garantir o abastecimento nos próximos anos. Anúncios semelhantes já foram feitos, mas nada se concretizou. Embora não seja do ramo, tenho sérias dúvidas sobre a viabilidade e a inteligência na instalação de uma adutora de quase 8 km, ligando o Rio do Peixe à ETA.

Uma proposta engavetada sugeria a construção de uma barragem no Ribeirão da Penha, capaz de armazenar cerca de 15 bilhões de litros, suficiente para abastecer a cidade por 40 meses. A maior seca registrada no estado durou 9 meses.

De acordo com o noticiário, os custos para a construção da barragem seriam menores do que o esperado para a implantação da adutora. Mesmo que os eles fossem equivalentes, será que não haverá arrependimento no futuro?

Nossa cidade possui uma excelente qualidade de água tratada em comparação com a maioria das cidades. Quando viajamos e consumimos, a diferença é evidente. Devemos isso à expertise do SAAE, mas também à qualidade da água captada.

O Ribeirão da Penha é formado por dois ribeirões, um passando por Serra Negra, onde 100% do esgoto é tratado, e o outro na zona rural de Amparo. Esses ribeirões percorrem 15 km até a nossa ETA, carregando baixíssimos níveis de esgoto e agrotóxicos, o que não requer alto grau de produtos químicos no tratamento.

O Rio do Peixe nasce na cidade de Munhoz/MG, recebe as águas de um rio de Bueno Brandão, passa pelas cidades de Socorro e Lindoia, que ainda não tratam completamente seus esgotos, e após percorrer 140 km chega ao ponto projetado para a adutora. Nesse percurso, o rio contempla grande quantidade de dejetos humanos e agrotóxicos. Obviamente, nada que um bom tratamento químico não possa resolver. Mas e o gosto?

A ideia da represa ganha força diante da possibilidade de agregar outros benefícios: servir como área de lazer, ajudar a evitar enchentes na cidade e se tornar, no futuro, um local de coleta protegido de eventuais acidentes químicos na Avenida dos Italianos, que poderiam deixar a cidade sem água até a descontaminação. Que tal pensar um pouco mais?