Uma proposta engavetada sugeria a construção de uma barragem
no Ribeirão da Penha, capaz de armazenar cerca de 15 bilhões de litros,
suficiente para abastecer a cidade por 40 meses. A maior seca registrada no
estado durou 9 meses.
De acordo com o noticiário, os custos para a construção da
barragem seriam menores do que o esperado para a implantação da adutora. Mesmo
que os eles fossem equivalentes, será que não haverá arrependimento no futuro?
Nossa cidade possui uma excelente qualidade de água tratada
em comparação com a maioria das cidades. Quando viajamos e consumimos, a
diferença é evidente. Devemos isso à expertise do SAAE, mas também à qualidade
da água captada.
O Ribeirão da Penha é formado por dois ribeirões, um
passando por Serra Negra, onde 100% do esgoto é tratado, e o outro na zona
rural de Amparo. Esses ribeirões percorrem 15 km até a nossa ETA, carregando
baixíssimos níveis de esgoto e agrotóxicos, o que não requer alto grau de
produtos químicos no tratamento.
O Rio do Peixe nasce na cidade de Munhoz/MG, recebe as águas
de um rio de Bueno Brandão, passa pelas cidades de Socorro e Lindoia, que ainda
não tratam completamente seus esgotos, e após percorrer 140 km chega ao ponto
projetado para a adutora. Nesse percurso, o rio contempla grande quantidade de
dejetos humanos e agrotóxicos. Obviamente, nada que um bom tratamento químico
não possa resolver. Mas e o gosto?
A ideia da represa ganha força diante da possibilidade de
agregar outros benefícios: servir como área de lazer, ajudar a evitar enchentes
na cidade e se tornar, no futuro, um local de coleta protegido de eventuais
acidentes químicos na Avenida dos Italianos, que poderiam deixar a cidade sem
água até a descontaminação. Que tal pensar um pouco mais?