Quarenta e quatro anos se passaram na
estrada,
Desde que o mundo ganhou novos engenheiros em oitenta e um.
Mas a nossa história começou em setenta e sete, na dura bancada
Cinco era o ideal, por conta da barriga, quatro e mais nenhum.
No
tablado, desfilavam mestres de ciência e temor:
Chicão, com seu Cálculo, um gigante a assombrar;
Zé Abel e sua Álgebra, nos colocava a suplicar;
Luis Antonio, tinha a Geometria a nos desvendar;
Fredmark na Química; Ivan, o metodólogo, a doutrinar;
Luiz Gomes Junior, nas curvas do terreno a nos guiar;
E Rocha, o atleta, a quem pude, com atestado, evitar.
Outros
vieram depois, uma procissão sem fim:
Constanti, Goulart, Djalma, Mokarzel, Luiz Francisco,
Hermeto, Adonias, Saran, Cury, Fux, Zulcy, Rizzi,
Jocélio, Fregosi, Falsarella, Robinson, Navantino,
Fernando, Aroldo, Pedro Sérgio, Bahiano, Dovanir, François...
Uma galáxia de nomes a marcar nossos anos.
Mas
dois brilham mais forte na minha memória guardada:
Baeta, no começo, tinha a turma descontente.
Em aula, abri uma queixa, uma fala até ousada,
E da crítica, ele fez um amuleto, pacientemente.
Não guardou rancor, fez da dor um degrau,
E tornou-se, para mim, um grande mestre e um amigo leal.
E
Justino, o grande Justino, filósofo e guia,
Nos ensinou que o saber é uma viagem sem fim.
A abrir a mente, a ver o mundo com clara poesia,
Sem jamais perder o humor, que é o mais sábio jardim.
A viver construindo a serena alegria –
Mestre maior, que em nossa alma para sempre inspiraria.
E
neste fim de semana, outubro a florescer,
Estávamos lá de novo, quarenta e quatro anos depois.
É certo, por alguns anos, o tempo separou, mas não nos fez esquecer:
Cada um seguiu seu rumo, com seus constróis.
Mas no grupo ativo, a chama se manteve acesa,
Um fio contínuo de amizade e surpresa.
E
todo ano é um reencontro, um voltar ao começo,
Aos fins dos anos setenta, ao alvorecer dos oitenta.
Reconstruímos memórias, num doce retrocesso,
Trocamos o sério pela graça, pela risada opulenta.
Um "reset" da alma, um abraço a renovar
As energias para as jornadas, continuar.
Que
bom sentir o valor desta história compartilhada!
Que bom por estes colegas, abnegados, de alma aberta,
Que se jogam de corpo e alma, numa entrega sagrada,
Para que este laço jamais se perca ou se deserta.
Que bom por este grupo base, este porto seguro,
Que não nega fogo, e preserva este doce futuro.
Futuro com bons frutos!