A formação da esquerda brasileira teve início nos primórdios do século XX apoiada fortemente pelos movimentos operários e influenciada pelo pensamento socialista, mas sem obter relevância eleitoral. Até 1985, a direita manteve-se no centro do poder. Com o desgaste causado pela situação econômica e social, a direita perdeu protagonismo, levando o governo militar a dar início ao processo de redemocratização.
Enquanto os partidos que
combateram a ditadura ganhavam força nas urnas, os políticos de direita, na
tentativa de conter as perdas, adotaram a estratégia de não se declararem
“direitistas”. A esquerda, visando enfraquecer o adversário, aproveitou para demonizar
a direita. Como consequência, a esquerda ganhou espaço, e a direita passou a se
posicionar como “centro”. No poder, a esquerda cometeu excessos.
Por cerca de 30 anos, o Brasil
parecia fingir que a direita não existia. Em 2013, ela começou a ressurgir e,
em 2018, chegou ao poder, repetindo alguns dos mesmos erros cometidos pela
esquerda, entre eles, a crença de que um lado pode sobreviver sem o outro. Não
existem eleitores 100% esquerdistas, nem 100% direitistas.
Aristóteles definiu o homem como
um animal político. Ao longo da história, a civilização buscou a organização
social e o poder. A política interage e negocia para alcançar objetivos
individuais e coletivos. Apesar de nos alinharmos a determinadas ideias, estas
não seguem um padrão fixo. A inclinação política não é instantânea; ela depende
de fatores pessoais, familiares, sociais, culturais e psicológicos. Trata-se de
um processo individual e complexo que reúne pessoas com tendências que vão da
extrema-direita à extrema-esquerda.
Quem valoriza a liberdade
individual, a livre iniciativa, a aceitação da desigualdade social como um
fenômeno natural inevitável e o conservadorismo se posiciona politicamente à
direita. Quem defende a igualdade e justiça social, a intervenção estatal para
garantir o essencial e o progressismo integra a esquerda. No entanto, diversas
correntes gravitam entre o radicalismo (extremo) e a moderação (centro-direita
ou centro-esquerda).
Não existe um lado certo. Ambos
possuem pontos positivos e negativos. Quem decide? A maioria.