Por outro lado, Daniel Alves,
revelado pelo Bahia e com passagens por clubes como Sevilla, Barcelona,
Juventus e Paris Saint-Germain, também integrou a seleção brasileira em três
copas do mundo. Em 2022, no entanto, seu nome foi manchado por um ato repugnante:
o estupro de uma mulher em um banheiro de uma discoteca em Barcelona, na
Espanha. Apesar de ter dado várias versões em sua defesa, nenhuma delas
convenceu o Tribunal de Barcelona, que o condenou a quatro anos e seis meses de
prisão. Após 14 meses preso, o tribunal concedeu à sua defesa a possibilidade
de aguardar em liberdade a decisão final, mediante o pagamento de uma fiança de
R$ 5,4 milhões.
Tanto Robinho quanto Daniel Alves
têm recursos financeiros para buscar formas de evitar prisão prolongada, o que
levanta questões sobre a igualdade no acesso à justiça. É lamentável que, para
alguns, a liberdade possa ser comprada tão facilmente, enquanto para outros ela
permanece inatingível. O caso desses jogadores também evidencia a necessidade
de uma mudança cultural no mundo do futebol, onde a impunidade e a cultura do
machismo são persistentes. Ainda há muito a ser feito para garantir que figuras
públicas, como os jogadores de futebol, sejam responsabilizadas por seus atos e
sirvam como exemplos positivos para a sociedade.
O futebol, segundo as palavras do
venerável professor Barreto, parece ser um terreno fértil para a desonestidade
e a falta de escrúpulos. Não é surpreendente? Nosso esporte nacional, nos
proporciona inúmeros exemplos de violência; de deslealdade entre colegas; de
simulações; de reclamações infundadas; de omissão diante das injustiças e uma
série de outros comportamentos questionáveis. Quando a diretoria de um clube
falha em cumprir suas obrigações financeiras, os jogadores muitas vezes acabam
apresentando um desempenho abaixo do esperado, o que pode levar alguns
torcedores a um sofrimento extremo, ao invés de procurarem soluções
alternativas.
Os dois jogadores mencionados
foram apenas afetados pelas mudanças que o mundo está passando. Comportamentos
libidinosos, que muitos jogadores costumavam praticar em nome de uma suposta
juventude, e a riqueza acumulada em suas contas bancárias, já não passam
despercebidos como antes. As vítimas, frequentemente subjugadas, agora têm mais
coragem para denunciar. As perdas financeiras e de imagem são astronômicas. Se
o respeito ao próximo não é conquistado de forma natural, talvez o bolso se
torne um grande orientador.