quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Declaração de voto 2022



Eu sei que o voto é secreto, que tem o sigilo garantido pela Constituição e é regulamentado pelo Código Eleitoral. É um direito, não uma obrigação. Há pelo menos vinte anos, abro publicamente o meu voto. Por que eu faço isso?

Lamentavelmente, a maioria dos eleitores brasileiros supervaloriza os cargos executivos em detrimento aos legislativos. Não há dúvida, esse é um grave erro para a evolução política de uma nação. Pesquisa recente destacou que mais de 60% dos eleitores dizem que não se lembram dos nomes votados para os cargos legislativos (Assembleia, Câmara e Senado) em 2018, mostrando que, passada as eleições, a maioria não se preocupa com o que acontece nas casas legislativas. É o chamado voto não comprometido ou equivocado. É claro que não tem o menor cabimento voltarmos nossos olhos, o tempo todo, para os nossos legisladores, mas não podemos deixá-los “a la vonté”, soltos como uma gazela, ou, para ser mais preciso, como vira-latas cuidando da nossa linguiça.

É através do poder legislativo que as leis que afetam o nosso dia a dia são construídas ou reparadas. É onde a fiscalização das ações do executivo, quando necessárias, podem ser mais rapidamente investigadas. Como se essas duas prerrogativas não bastassem, o legislador é responsável, por exemplo, pela aprovação dos nomes para os tribunais (Contas, TJ, STF etc.) e, diante de fortes evidências, aprovar o impedimento do governador ou presidente.  Quero dizer, parafraseando um antigo comercial de TV: “não basta votar, tem que acompanhar”.

Ao declarar meu voto, não o faço para influenciar quem quer que seja, pois entendo que a escolha deve ser estritamente pessoal e consciente. Tento com este gesto mostrar que vale a pena estudar os possíveis escolhidos para que eles estejam mais próximos da nossa visão de mundo. Se eu quero que os candidatos que escolho me representem e se comportem de forma aproximada do meu comportamento cotidiano, não posso votar de qualquer jeito, como se a minha decisão não refletisse na vida da população em geral.

Só poderei me orgulhar (ou me arrepender) se os meus votos foram pensados e justificados para a minha consciência. É assim que exercemos a nossa cidadania com plenitude. Não existe ouro caminho para conquistarmos o Brasil dos nossos sonhos. Não esperemos pelos salvadores da pátria que de vez em quando aparecem. Depende de nós. Por isso:

Para deputado estadual votarei em Barros Munhoz pensando na minha cidade. A lista de candidatos ao cargo deve apresentar outros nomes merecedores, mas nenhum deles reunirá todos esses atributos: ser inquieto quando o assunto é Itapira; ser incansável quando trabalha para conquistar benefícios para o nosso município; ter prestígio e força política para alcançar os pleitos que nos interessam. Só Munhoz tem história por testemunha.

Para a Câmara Federal votarei em Marina Silva pensando no Meio Ambiente. É mais do que reconhecido que nos últimos anos o Brasil retrocedeu nos cuidados ambientais com desmatamento crescente, liberações impensadas de agrotóxicos prejudiciais à saúde e afrouxamento na legislação e fiscalização. Para recuperar o tempo perdido, entendo que o nome de Marina é muito forte, tem voz para ser ouvida pelos demais deputados federais, pelos brasileiros e pelo mundo afora.

Para o Senado votarei em Marcio França pensando na necessária experiência e capacidade de articulação legislativa. Marcio foi vereador, prefeito, deputado federal, vice-governador e governador de São Paulo e é reconhecidamente um exímio articulador político, além de uma consistente visão social. Ele saberá cumprir o cargo com maestria.

Para o executivo, parto do princípio que nenhum governo é 100% certo, nem 100% errado, deve sempre ser avaliado pelo conjunto da obra, desde que tenha visão social suficiente para melhorar as condições de vida da população, sem abrir mão do desenvolvimento econômico sustentável.

Para governador votarei em Haddad pensando na necessidade da alternância de poder no governo estadual. Vejo em Haddad todos os pré-requisitos necessários. Também não gostaria de contribuir para que se estabeleça em São Paulo a mesma linha divisionista com indiferença social implantada pelo atual presidente da república. Quero um governador disposto a governar para todos, principalmente para os mais pobres.

Para presidente votarei em Lula pensando no futuro do meu país. Lula é o único candidato capaz de derrotar o presidente Bolsonaro e suas tresloucadas atitudes e decisões. É preciso restabelecer a paz; o retorno saudável da discussão política; afastar o sentimento de ódio constante como ferramenta de persuasão; salvar as nossas florestas; extirpar o incentivo amalucado ao armamento doméstico e miliciano; retomar a imagem do Brasil junto às nações estrangeiras; entre tantos outros desacertos que não contam com a minha concordância.

Ao declarar o meu voto, dou transparência ao meu pensamento político, ou seja, me permite conversar com as pessoas, elas sabendo das minhas preferências. Para mim, a discussão saudável é sempre bem-vinda e promissora, não excluo e nunca excluirei ninguém que tenha preferências diferentes das minhas. É respeito à diversidade cognitiva da sociedade em que vivo.  

Sou defensor ferrenho do Estado de Direito. Só a democracia pode resolver os problemas de um país de forma consistente. Por exemplo, com ela, a corrupção pode ser combatida com a imprensa cumprindo seu papel, com polícia investigando, com o ministério público denunciando e a com a justiça julgando e condenando. Num governo autocrático, a corrupção não é combatida: a imprensa é desqualificada ou silenciada, a polícia controlada, o ministério público amordaçado e a justiça não tem o que fazer.  

Quaisquer que sejam as nossas escolhas eleitorais, elas serão sempre uma expectativa de futuro que poderão ou não ser confirmadas, é exercício cidadão, faz parte do aprendizado. Não posso predizer que todos os meus votos serão vitoriosos, mas posso dizer que eles foram muito bem pensados, logo, não serão esquecidos.


Ah! Essas pesquisas. Dá para acreditar?

 As pesquisas, tal qual como são realizadas, fazem mais parte da nossa vida do que muita gente imagina. Para muitos, elas só existem nas eleições. De fato, é quando ganham maior visibilidade. Elas são utilizadas para diversos fins, além das opiniões das pessoas sobre os candidatos, pesquisam informações sobre produtos e serviços; como as pessoas avaliam uma marca ou negócio; a aceitação de um novo produto; tendência dos leitores e da audiência aos meios de comunicação; o que as pessoas pensam sobre determinados assuntos etc. Enfim, o tempo todo, as pesquisas estão rolando em algum canto, sobre algo que diz respeito ao nosso dia a dia.

Conceitualmente, pesquisa de opinião é um levantamento científico e estatístico a partir de uma amostra específica em cima de um determinado público-alvo. Para apresentar bons resultados, depende da metodologia utilizada, das perguntas formuladas, da pesquisa de campo que pode ser presencial, nas ruas ou em casas, ou por telefone ou via internet. As presenciais são as mais consideradas, e, finalmente, a consolidação dos dados levantados com base no perfil socioeconômico oficial.

Os institutos mais conhecidos, há mais tempo no mercado, trabalham com pesquisas o ano todo e prestam serviços, majoritariamente, para as grandes empresas. Nenhuma empresa privada contrata um instituto sem a garantia de que a metodologia seja adequada e aponte para resultados confiáveis. O custo das pesquisas eficientes é alto. Ninguém gosta de jogar dinheiro fora.

Talvez, o grande erro daqueles quem não entendem o como as pesquisas funcionam é imaginá-las como uma bola de cristal, aquela que advinha o futuro. Toda e qualquer pesquisa confiável mede a tendência do momento e não o resultado final. Não é a pesquisa que muda a opinião, mas a opinião que provoca as variações nas pesquisas.

Mas afinal, as pesquisas eleitorais são ou não são confiáveis? A resposta é: depende do instituto. Aqueles que se preocupam com o “após o período eleitoral” e prestam serviços, majoritariamente, para as grandes empresas, com certeza, são confiáveis. Basta um risco de manipulação para perderem credibilidade. As grandes marcas não arriscariam seus futuros nos institutos que não trabalhassem nos seus restritos códigos de ética e de metodologia. Uma empresa que vende seus prognósticos eleitorais aos interesses deste ou daquele candidato, por exemplo, dificilmente terão serviços adquiridos depois. Isso já ocorreu no Brasil pela desconfiança ao Instituto Gallup. 

Outro erro cometido por aqueles que não entendem como as pesquisas eleitorais funcionam é imaginar que elas influenciam, de forma significativa, o resultado de uma eleição. É verdade, que parte dos eleitores acaba votando naquele que está melhor posicionado, mas é verdade, também, que outros votam no segundo colocado para evitar que o primeiro vença. Ou seja, o eleitor usa a pesquisa, como ela deve ser usada, como meio de informação para decidir se muda o voto ou não de acordo com a sua conveniência. Resumindo, estar em primeiro nas pesquisas, não significa vitória certa, principalmente quando as pesquisas realizadas nas últimas semanas e véspera apresentarem variações significativas, momento de definição do voto.

A história das pesquisas eleitorais, tanto no Brasil como nos demais países democráticos, mostra que nem sempre aquele que sai na frente é o vencedor final, e isso não significa que elas erraram, mas que os eleitores mudaram de opinião.

As pesquisas eleitorais acabam contando a história da eleição. Nenhum candidato que não aparecer em primeiro lugar admitirá, e com razão, que as pesquisas desfavoráveis estão certas, isso esfriaria os apoiadores. Os principais concorrentes, contudo, em função dos resultados apontados por elas, ajustam o rumo da campanha, definem as cidades e as regiões que devem ser visitadas, os grupos sociais que merecem atenção etc.. Prova de que as pesquisas devem ser levadas a sério para quem quer sair vitorioso. Ignorá-las é um erro primário.

Vida sem respeito, nada vale

 Na história da humanidade, a barbárie é presente desde o princípio dos tempos. A morte matada, tão costumeira, fazia (e ainda faz) a vida valer absolutamente nada. Por muitos anos, a maioria das pessoas a perdia antes de meio século. A matança não faz parte do desejo animal de assassinar pessoas, como muitos pensam. Faz parte, da falta de respeito humano que leva ao desrespeito à vida. Melhoramos, no entanto.

Com o passar do tempo, o respeito ao próximo evoluiu, em séculos a fim. Um dos impulsionadores foi o mandamento de Cristo que diz "amem-se uns aos outros como eu os amei". Evoluiu lentamente, à medida em que os que se diziam cristãos percebiam que não respeitar o outro era o mesmo que não acreditar que Cristo nos amou, também, em interpretação literal do referido mandamento. Conquistamos, quase todos, o condão da civilidade.

A maioria dos cristãos descobriu que ao faltar com respeito ao próximo era o mesmo que renegar o cristianismo. Os seres humanos e civilizados, religiosos ou não, começaram a refletir sobre as próprias convicções, de qualquer natureza, e perceberam que aquele que não é um “maria-vai-com-as-outras” sabe respeitar as convicções alheias, as diferenças, as individualidades...

Quem constrói convicções sólidas, sabe que elas não caem do céu, que não se instalam num piscar de olhos, por isso, diante das diferenças de pensamento, somente este consegue entender e respeitar as convicções alheias. Questão de conhecimento, experiência e segurança.

Quando respeitamos o outro, apesar das eventuais discordâncias, veneramos a vida que faz sentido: não acreditamos piamente estar sempre certos ou com razão total, não nos colocamos acima de ninguém, não matamos, não desqualificamos, não segregamos, não escravizamos, não exploramos, não inferiorizamos, não rejeitamos, não desprezamos...

Reconhecemos que somos iguais, as diferenças são características da individualidade. Empatia presente. Coisa de gente!


O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS IMÓVEIS

 O presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo.

 

Comprar com dinheiro vivo é permitido, por enquanto, mas é uma forma de transação (principalmente diante do volume de imóveis adquiridos) usada por comprador que faz uso de dinheiro ilícito. Aquele que ele não consegue comprovar a origem. Obviamente, para o plano dar certo, usa-se o artifício de registrar as escrituras abaixo do valor real e só finalizam a compra com essa condição. Logo, além da possibilidade de corrupção, o clã Bolsonaro poderá ter sido beneficiado com a sonegação, não pagando os impostos devidos.

 

As compras registradas nos cartórios totalizaram R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos (IPCA), este montante equivale, nos dias atuais, a R$ 25,6 milhões”. Considerando um deságio médio de 50% nos valores originais dos imóveis, o montante real poderá ultrapassar a casa dos R$ 50 milhões.

 

Curiosamente, um projeto que tramita no Senado Federal desde 2019, que proíbe o uso de dinheiro vivo para transações imobiliárias, tem encontrado dificuldade para avançar diante da má vontade do presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania), Davi Alcolumbre (União-AP).

 

Mais curioso, ainda, nessa história é o senador Flávio Bolsonaro ser o único senador declarar contrariedade ao projeto.

 

Para elucidar tal milagre, presidente, irmãos e filhos devem prestar os devidos esclarecimentos, apontando de forma transparente e fiel a origem do dinheiro empregado. Para quem comanda um país e prega o fim da corrupção, quanto antes esclarecerem, melhor para a construção de um Brasil mais justo e honesto.