quinta-feira, 13 de maio de 2021

Saudades das minhas festas de maios...

Estamos no segundo ano seguido sem a secular Festa de Maio. Desde que me conheço por gente, ela nunca deixou de se apresentar. Consequência desta triste e perigosa epidemia que além de tolher vidas itapirenses e milhares de brasileiros, tolhe as nossas liberdades e as nossas alegrias festeiras.

É cedo dizer se dessa pandemia extrairemos, no futuro, alguma coisa boa. Algo que venha melhorar a nossa condição humana, como as provocadas por outros grandes males que atingiram a humanidade e contribuíram para a nossa evolução.

Eu arriscaria dizer que essa pandemia poderá valorizar o lado bom de um dos nossos principais sentimentos intrínsecos: a saudade. Estamos saudosos da nossa vida normal, daquela que a gente levava de forma quase automática; dos encontros com parentes e amigos; dos abraços; dos passeios; dos churrascos; dos bares e restaurantes; das conversas... Saudades do fazer o que dava na telha... A gente confirma o que já era sabido, a ausência e a distância do que gostamos aguça as nossas saudades.

Depois de dois anos sem Festa de Maio, descobri que sinto saudades conexas. Saudades do meu tempo de criança, onde a festa se resumia às voltas nos “tomovinhos”. Saudades da minha adolescência, dos primeiros ranços de liberdade, a festa com os amigos, sem meu pai ou minha mãe apertando forte a minha mão, por medo de me perder na multidão. Saudades da minha juventude, dos brinquedos maiores e das barracas da moçada. Saudades do tempo dos meus filhos pequenos nos brinquedos, como se eu estivesse começando um novo ciclo. Saudades das festas mais recentes, dos encontros com amigos, agora todos casados, alimentando a tradição.

Saudade é um sentimento precioso. Tem o condão de nos manter ligados ao passado. Mantem os entes queridos que já partiram, vivos nos nossos pensamentos. Nos leva aos lugares, aos eventos, aos momentos que não fazemos nenhuma questão de esquecê-los. A saudade referenda a nossa história e alimenta a nossa vida. Ou como diria Mario Quintana: “O tempo não para! A saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”    

PS.: Esse texto foi inspirado nas inúmeras imagens publicadas nas redes sociais retratando a nossa tradicional festa de maio, em especial, aos cliques do mestre fotográfico André Santiago que com sua arte mostra além dos nossos olhos. Obrigado a todos.