domingo, 21 de setembro de 2025

Só é tolo quem quer!


Há quem argumente que o povo brasileiro carece de habilidade para votar adequadamente. Alguns afirmam que o eleitor opta por candidatos em troca de pequenos favores, que parecem significativos diante da escassez de benefícios proporcionados pelos poderes constituídos. Outros juram que, apesar do eleitor tentar escolher o melhor, ele acaba caindo nas armadilhas retóricas e tendenciosas dos políticos tradicionais ou dos oportunistas. Por fim, há aqueles que sustentam que o voto não é tão ingênuo quanto parece, mas sim reflexo de uma identificação do eleitor com candidatos que espelham sua própria visão, como se dissessem: "se eleito, faria exatamente o mesmo!".

Essa última perspectiva, caso verdadeira, revela uma sociedade desvinculada do conceito fundamental de buscar e aprimorar o bem comum. Historicamente, observa-se pouca evolução na qualidade das escolhas eleitorais, com indícios de uma piora progressiva. O atual Congresso é um exemplo de calamidade.

Admitindo que escolher um representante legislativo é uma tarefa complexa, na qual só percebemos nossos erros quando os escândalos vêm à tona, temos uma base sólida para negar nosso valioso voto nas eleições de 2026. Vejamos:

Candidatos à reeleição que outrora condenavam a corrupção com veemência, criticavam o uso indevido de verbas públicas, repudiavam as ações do crime organizado, defendiam que "bandido bom é bandido morto" e reclamavam de perseguição judicial por uso inadequado de emendas parlamentares, mostraram a verdadeira face ao votar SIM pela aprovação da PEC da BLINDAGEM. Essa atitude expõe a hipocrisia de seus discursos e evidencia que não merecem continuar como nossos representantes.

Embora negar o voto a tais candidatos não garanta acertos nas escolhas, é uma maneira clara e contundente de afirmar que não somos tolos. É hora de demonstrar que o eleitorado brasileiro pode, sim, discernir entre discurso e ação, e que não tolerará mais a indecência e a falta de compromisso com o bem comum.

#Pec Da Blindagem, #Ped Da Bandidagem, #Camara Federal, #Senado Federal, #Democracia


GOLPE, NUNCA MAIS!




 — "Mas isso que você me propõe é um golpe de Estado."

 — "Você acredita nisso?"

 — "Sem dúvida. Nós somos a minoria e seríamos a maioria. Nós somos uma porção da Assembleia e agiríamos como se fôssemos a Assembleia inteira. Nós, que condenamos a usurpação, seríamos os usurpadores. Nós, os defensores da Constituição, afrontaríamos a Constituição. Nós, os homens da lei, violaríamos a lei. É um golpe de Estado."

— "Sim, mas um golpe de Estado para o bem."

— "O mal feito para o bem continua sendo mal."

— "Mesmo quando ele tem sucesso?"

— "Principalmente quando ele tem sucesso. Porque então se torna um exemplo e vai se repetir."

Trecho do livro "História de um Crime", onde Victor Hugo fala sobre a tentativa de golpe de Estado diante da dissolução da Assembleia Nacional Francesa por Napoleão III, em 1851.

Napoleão III foi eleito Presidente da República por uma esmagadora maioria, com mais de 70% dos votos, para um mandato de quatro anos. A Constituição Francesa de 1848 não permitia a reeleição, o que era o seu desejo.

Diante da negativa da Assembleia em aceitar qualquer alteração, sentindo que não poderia chegar ao poder pela via legal, Napoleão III planejou um golpe de força para se manter no poder.

No dia 2 de dezembro de 1851, a Assembleia Nacional foi dissolvida com o apoio das tropas fiéis ao presidente. Cerca de trezentos líderes políticos e ativistas, monarquistas e republicanos, foram presos em suas casas durante a noite.

Foi decretado estado de sítio, suspendendo as liberdades civis. A imprensa foi censurada e nenhuma reunião política era permitida.

Para o povo francês, Napoleão III justificou o golpe como um ato para salvar a República da corrupção e para estabelecer um sistema que garantisse estabilidade. Convocou o povo para aprovar, por plebiscito, uma nova constituição que lhe daria poderes ditatoriais por 10 anos.

Parte da população resistiu ao golpe. Para conter os descontentes, usou repressão brutal, prendendo cerca de 27 mil pessoas e deportando 10 mil sem julgamento. Muitos insurgentes foram mortos nas batalhas ou executados.

Sem oposição, Napoleão III submeteu seu ato ao voto popular. A vitória foi esmagadora e fraudulenta, com 92% dos votos a favor.

Com a Constituição de 1852 aprovada e promulgada, todo o poder executivo ficou nas mãos de Napoleão III. O poder legislativo tornou-se quase irrelevante, efetivamente matando a República e iniciando o Segundo Império.

O Segundo Império Francês durou 18 anos.

Napoleão III governou como um autocrata. O poder legislativo era fraco. As eleições eram controladas e a oposição era fortemente reprimida com exílios e prisões.

Implementou transformações econômicas e sociais. Criou grandes bancos. Colocou a França num período de estabilidade em relação aos demais países. Expandiu as atividades industriais e ampliou a rede ferroviária. Foi nesse período que Paris foi remodelada, ganhando grandes avenidas, parques e sistemas de água e esgoto.

Conseguiu expandir de forma agressiva o império colonial francês na Argélia, Senegal, Indochina (Vietnã, Camboja) e no México.

No México, Napoleão III cometeu o maior erro estratégico ao tentar criar um império fantoche, impondo um arquiduque austríaco, Maximiliano, como imperador para conter a influência dos EUA e explorar recursos, além de agradar aos católicos conservadores. Com o fim da Guerra Civil Americana, os EUA apoiaram a resistência mexicana e exigiram a retirada francesa. O fiasco humilhou a França, drenou seus cofres e expôs a fraqueza militar do Império.

Enquanto a França se enfraquecia, a Prússia, sob a liderança de Otto von Bismarck, se fortalecia e buscava unificar os estados alemães. Napoleão III tentou manipular a disputa pela sucessão do trono da Espanha.

A Guerra Franco-Prussiana foi o golpe de misericórdia no Império. Entrou em guerra contra a Prússia e foi derrotado humilhantemente. Capturado, Napoleão III passou o resto de sua vida no exílio na Inglaterra, onde morreu em 1873.

Moral da história:

O golpe que levou à instauração do Segundo Império na França teve pontos positivos para alguns e negativos para outros. A instabilidade política francesa resultaria em outras tentativas...

Em 1958, Charles de Gaulle foi chamado para assumir o cargo de Primeiro-Ministro em meio a uma crise política e sob a ameaça de um golpe militar, o que levou à criação de uma nova constituição. A Quinta República Francesa, que ele ajudou a moldar, é muito mais forte e presidencialista do que as repúblicas anteriores e vigora até hoje.

De Gaulle chegou ao poder por meio de uma manobra política dentro dos limites constitucionais, mas a crise que permitiu sua ascensão foi desencadeada por uma ameaça de intervenção militar, o que pode ser considerado um "quase-golpe".

Em 1961, durante a guerra pela independência da Argélia, de Gaulle enfrentou uma tentativa de golpe militar. Generais ultraconservadores e membros do exército francês, que se opunham à independência da Argélia, lideraram uma revolta e tomaram o controle de Argel, prendendo o representante do governo francês na Argélia.

De Gaulle utilizou a televisão para fazer um apelo dramático à nação, pedindo que as forças armadas e o povo francês se mantivessem leais ao governo legítimo e desobedecessem aos generais golpistas. Ele recebeu apoio massivo, tanto na França metropolitana quanto entre as tropas na Argélia.

O golpe entrou em colapso em poucos dias, sem derramamento de sangue significativo na França metropolitana.

Depois disso, a França aprendeu a lição e fortaleceu suas instituições democráticas para evitar novas tentativas de golpe. A Quinta República foi projetada para oferecer estabilidade e um equilíbrio de poder que desencorajasse tais ações.

— "Mesmo quando ele tem sucesso?"

— "Principalmente quando ele tem sucesso. Porque então se torna um exemplo e vai se repetir."

GOLPE, NUNCA MAIS!

 #Anistia,#Golpe,#Privilégio,#CamaraDosDeputados,#SenadoFederal,#Democracia