segunda-feira, 27 de maio de 2024

Lilith, a primeira mulher de Adão. Eva, a segunda.

Uma tradição judaica e textos mesopotâmicos de 3000 a.C. nos apresentam Lilith, a primeira esposa de Adão. Criados juntos do pó da terra, Lilith recusou-se a submissão, fugiu do paraíso e se uniu aos demônios. Essa narrativa contrasta com Eva, a segunda esposa, feita da costela de Adão.

Nas religiões abraâmicas, Eva é moldada a partir de Adão. Influenciada por uma serpente, ela desobedece a Deus, come o fruto proibido e convence Adão a fazer o mesmo, introduzindo o pecado no mundo. Como punição, Eva é condenada à submissão e ambos são expulsos do paraíso. A humanidade enfrenta desde então as dificuldades da vida, buscando a redenção.

Observe como Adão é simplesmente rotulado como desobediente, enquanto Eva é vista como alguém que se enganou pelas aparências e promessas falsas, influenciando Adão a desobedecer e agindo impulsivamente.

A reputação de Lilith é ainda mais negativa. Vista como rebelde por não se submeter, ela é associada à sedução, luxúria, perversão sexual, morte de crianças, doenças, assombrações e sofrimento.

Se Lilith e Eva realmente existiram, a questão não é o foco aqui. Mas o impacto de suas histórias nas mulheres e nos homens é inegável. Ao longo dos séculos, meninas e meninos foram moldados por essa narrativa, levando a ideias de perfeição e dominação masculina versus busca pela submissão feminina e aversão a qualquer semelhança com Lilith.

As histórias de Lilith e Eva, embora complexas e com diversas interpretações, foram utilizadas para perpetuar a subordinação feminina. Apenas nas últimas cinco décadas essa perspectiva começou a mudar. Uma luta pela igualdade, ainda em andamento, busca ressignificar a posição das mulheres e dos homens na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.

segunda-feira, 20 de maio de 2024

O futuro das fakes news!

As redes sociais tornaram-se uma parte essencial do nosso cotidiano, influenciando desde escolhas políticas até compras triviais. Elas possibilitam a conexão com amigos e familiares, fornecem uma ampla variedade de informações e notícias, dão voz às minorias e facilitam a organização de movimentos sociais e campanhas, entre muitas outras vantagens. No entanto, esse poder também facilita a disseminação de desinformação, golpes cibernéticos e ataques à reputação, promovendo polarização e conflitos. Será que conseguiremos superar esses aspectos negativos?

Segundo muitos, a solução reside na regulamentação das Big Techs. Essas empresas devem ser responsabilizadas pelo conteúdo em suas plataformas, investindo em moderação, transparência nos algoritmos, ferramentas de verificação de fatos e remuneração dos criadores de conteúdo.

O problema começa quando muitas pessoas buscam informações que confirmem suas próprias crenças, criando bolhas informativas. Nessas bolhas, os usuários só veem pontos de vista semelhantes aos seus, tornando-se resistentes a opiniões divergentes. A falta de verificação e comprovação das informações agrava a situação, comprometendo o pensamento crítico. Além disso, o uso excessivo das redes sociais pode causar vício, ansiedade e depressão, prejudicando a saúde mental dos usuários.

É evidente que as empresas resistirão a essas mudanças, pois lucram com o engajamento; posts alarmistas e negativos geram mais interações. Moderar conteúdo, verificar fatos e remunerar criadores resultam em custos adicionais e menor lucro. No entanto, os 85.000 funcionários demitidos pelas cinco maiores Big Techs americanas em 2023 indicam mudanças futuras. Elas devem estar percebendo que, mais cedo ou mais tarde, precisarão implementar mecanismos de controle para garantir a fidelidade de usuários e anunciantes.

A regulamentação em democracias é complexa, ao contrário de países autoritários, onde o processo é mais rápido. Contudo, antes que leis sejam aprovadas, é possível que os próprios usuários comecem a rejeitar postagens, semelhante ao que ocorreu com a mídia tradicional. Isso pode levar muitas empresas a reduzir ou cortar publicidade nas plataformas mais negligentes. Para evitar essa situação, as redes sociais precisarão enfrentar o problema de forma eficaz; caso contrário, poderão perder relevância.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Onda de calor, diluvio... O que mais precisa acontecer?

 

Quem é essa força implacável que, sem aviso prévio, devasta vidas, arranca casas e sonhos? Desta vez, a fúria da natureza se abateu sobre o Rio Grande do Sul. Mas essa não é uma história isolada. É o clamor da Terra, ecoando cada vez mais alto.

Há três décadas, a ciência soa o alarme: reduzam a queima de combustíveis fósseis, protejam as florestas! Ao Brasil, cabia zerar o desmatamento na Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal. Qual foi a nossa reação? Fingimos que não era conosco.

O degelo do Ártico, o aumento do nível do mar, as ondas de calor escaldantes, o desaparecimento de espécies, os ciclones impiedosos, as secas devastadoras... Tudo isso já era previsto. Mas preferimos ignorar os avisos, adiando a dura realidade.

Alguns culpam a natureza por seus caprichos, mas a verdade é nua e crua: a ação humana amplifica os ciclos naturais, transformando-os em eventos climáticos extremos de consequências imprevisíveis. O aquecimento global é a prova incontestável da nossa culpa.

O Brasil falhou em sua missão. Continuamos desmatando, aprovando leis antiambientais e elegendo representantes que cospem no futuro. Neste momento, 25 projetos de lei e 3 emendas constitucionais ameaçam o meio ambiente, e o que fazemos? Assistimos, inertes, à própria destruição?

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) estudou as mudanças do clima nos últimos 60 anos e concluiu que houve aumento gradual das anomalias de ondas de calor em todo o Brasil. De 1961 a 1990, tivemos 7 dias de ondas de calor por ano. De 1991 a 2000 passamos para 20 dias. De 2001 a 2010, 40 dias. De 2011 a 2020, 52 dias. Em 2023, saltamos para 65 dias.

O que mais precisa ocorrer para reconhecermos o valor da vida? Não é hora de considerarmos o meio ambiente como uma prioridade para os próximos prefeitos e vereadores? Não seria o momento de exigirmos dos deputados e senadores que cessem o estímulo à destruição da natureza?

Que tal adotarmos o conselho de Raul Seixas quando ele nos lembra que não devemos permanecer passivos, esperando a morte chegar, como se estivéssemos sentados no trono com a boca aberta, cheia de dentes.

sábado, 4 de maio de 2024

Mercadão, de volta para o futuro!

Os mercados municipais, presentes em várias cidades do Brasil, mantêm sua relevância e popularidade entre os moradores, sendo considerados ícones locais e destinos turísticos. O Mercado Municipal de Itapira, por muito tempo, foi um ponto de encontro central para a comunidade. Nas manhãs de domingo, antes mesmo do sol nascer, pessoas de todas as origens se reuniam para adquirir produtos frescos, muitos cultivados localmente, incluindo frutas, legumes, verduras, além de carnes, cereais e especiarias. Em tempos recentes, também era um local frequentado pelos jovens após as baladas, antes mesmo de Itapira despertar, para um reforço alimentar antes de irem para casa.

No entanto, com o surgimento de supermercados e quitandas, para atender ao crescimento populacional e ao aumento da renda familiar, que resultaram em maior consumo, o mercado municipal enfrentou desafios. Sua falta de modernização levou a um declínio gradual. Em 2014, uma iniciativa pública trouxe um novo fôlego: a criação da feira noturna, demonstrando a importância da intervenção da municipalidade em benefício da comunidade. Mais recentemente, a revitalização do prédio do Mercado Municipal começou, com reformas em andamento, produtores e expositores passaram a ocupar o espaço da antiga estação Fepasa.

O novo Mercado Municipal, além de oferecer maior conforto, precisa recuperar seu papel central. Por isso, Itapira espera que ele não se transforme em um espaço similar a um shopping, com comerciantes colocados aleatoriamente, o que poderia descaracterizar a tradição e competir injustamente com outros estabelecimentos locais já em dificuldades. Idealmente, o novo mercado municipal deve homenagear a história e a cultura de Itapira, oferecer produtos de qualidade, apoiar os agricultores locais e pequenos comerciantes que poderão promover uma variedade de ofertas e, acima de tudo, valorizar os artistas da cidade e da região. Espera-se que ele se torne não apenas um local de compras, mas um ponto de encontro festivo e alegre para todos os habitantes de Itapira, quem sabe, todos os dias.

Que o compromisso com a valorização de nossas culturas, tradições e qualidade de vida permaneça no centro do planejamento do Mercado revitalizado, evitando assim o risco de ser reduzido a um mero estacionamento sujeito à exploração por terceiros.