Uma tradição judaica e textos mesopotâmicos de 3000 a.C. nos apresentam Lilith, a primeira esposa de Adão. Criados juntos do pó da terra, Lilith recusou-se a submissão, fugiu do paraíso e se uniu aos demônios. Essa narrativa contrasta com Eva, a segunda esposa, feita da costela de Adão.
Nas religiões abraâmicas, Eva é
moldada a partir de Adão. Influenciada por uma serpente, ela desobedece a Deus,
come o fruto proibido e convence Adão a fazer o mesmo, introduzindo o pecado no
mundo. Como punição, Eva é condenada à submissão e ambos são expulsos do
paraíso. A humanidade enfrenta desde então as dificuldades da vida, buscando a
redenção.
Observe como Adão é simplesmente
rotulado como desobediente, enquanto Eva é vista como alguém que se enganou
pelas aparências e promessas falsas, influenciando Adão a desobedecer e agindo
impulsivamente.
A reputação de Lilith é ainda
mais negativa. Vista como rebelde por não se submeter, ela é associada à
sedução, luxúria, perversão sexual, morte de crianças, doenças, assombrações e
sofrimento.
Se Lilith e Eva realmente
existiram, a questão não é o foco aqui. Mas o impacto de suas histórias nas
mulheres e nos homens é inegável. Ao longo dos séculos, meninas e meninos foram moldados por
essa narrativa, levando a ideias de perfeição e dominação masculina versus
busca pela submissão feminina e aversão a qualquer semelhança com Lilith.
As histórias de Lilith e Eva,
embora complexas e com diversas interpretações, foram utilizadas para perpetuar
a subordinação feminina. Apenas nas últimas cinco décadas essa perspectiva
começou a mudar. Uma luta pela igualdade, ainda em andamento, busca ressignificar
a posição das mulheres e dos homens na construção de uma sociedade mais justa e
equilibrada.