sábado, 3 de fevereiro de 2024

Entender o mundo. Questão de inteligência?

 



Atualmente, observamos manifestações de atitudes preconceituosas, racistas, homofóbicas e discursos de ódio nas ruas e, especialmente, nas redes sociais. Essas posturas também refletem confusões entre escolhas políticas e relações familiares e de amizade, remetendo-nos de volta há pelo menos seis séculos.

Nada ocorre por acaso neste mundo, e as ações humanas, cedo ou tarde, serão esclarecidas. Dois estudos, um iniciado há doze anos pela Universidade de Ontario, no Canadá (publicado na revista Psychological Science), e o outro, conduzido em 2018 pela Universidade de Queensland, na Austrália (publicado na revista Intelligence), convergiram ao apontar que adultos com baixo QI ou dificuldades cognitivas tendem a adotar atitudes conservadoras e preconceituosas. Os dados indicaram que indivíduos com menor inteligência são atraídos por ideologias conservadoras, pois estas demandam menos esforço intelectual, proporcionando estruturas ordenadas que conferem maior conforto.

A conclusão é logicamente fria. Quanto menor o nível de inteligência de uma pessoa, maior a dificuldade que ela enfrenta para compreender aqueles que pensam ou agem de maneira diferente, assim como para entender as mudanças no mundo e aceitar as vicissitudes da vida. Esses comportamentos podem levar a um sofrimento quase constante, o que justifica a importância de expressar solidariedade a essas pessoas, mesmo que não concordemos necessariamente com suas visões.

É crucial notar que, nos estudos que relacionam inteligência, não se deve confundir com falta ou deficiência de escolaridade, tampouco com o sucesso profissional. Uma pessoa pode ter doutorado em qualquer área, ser um profissional exemplar ou um empresário de sucesso, sem necessariamente possuir a inteligência necessária para compreender plenamente o mundo ao seu redor.

Apesar das conclusões, é essencial evitar generalizações. O resultado não implica que todos os liberais sejam brilhantes e que todos os conservadores sejam estúpidos. A pesquisa se baseia em estudos de médias de grandes grupos, e os cientistas ressaltam que a tendência ocorre independentemente da educação e da condição econômica dos participantes.