Atualmente, observamos manifestações
de atitudes preconceituosas, racistas, homofóbicas e discursos de ódio nas ruas
e, especialmente, nas redes sociais. Essas posturas também refletem confusões
entre escolhas políticas e relações familiares e de amizade, remetendo-nos de
volta há pelo menos seis séculos.
Nada ocorre por acaso neste mundo, e
as ações humanas, cedo ou tarde, serão esclarecidas. Dois estudos, um iniciado
há doze anos pela Universidade de Ontario, no Canadá (publicado na revista
Psychological Science), e o outro, conduzido em 2018 pela Universidade de
Queensland, na Austrália (publicado na revista Intelligence), convergiram ao
apontar que adultos com baixo QI ou dificuldades cognitivas tendem a adotar
atitudes conservadoras e preconceituosas. Os dados indicaram que indivíduos com
menor inteligência são atraídos por ideologias conservadoras, pois estas
demandam menos esforço intelectual, proporcionando estruturas ordenadas que
conferem maior conforto.
A conclusão é logicamente fria. Quanto
menor o nível de inteligência de uma pessoa, maior a dificuldade que ela
enfrenta para compreender aqueles que pensam ou agem de maneira diferente,
assim como para entender as mudanças no mundo e aceitar as vicissitudes da
vida. Esses comportamentos podem levar a um sofrimento quase constante, o que
justifica a importância de expressar solidariedade a essas pessoas, mesmo que
não concordemos necessariamente com suas visões.
É crucial notar que, nos estudos que
relacionam inteligência, não se deve confundir com falta ou deficiência de
escolaridade, tampouco com o sucesso profissional. Uma pessoa pode ter
doutorado em qualquer área, ser um profissional exemplar ou um empresário de
sucesso, sem necessariamente possuir a inteligência necessária para compreender
plenamente o mundo ao seu redor.
Apesar das conclusões, é essencial
evitar generalizações. O resultado não implica que todos os liberais sejam
brilhantes e que todos os conservadores sejam estúpidos. A pesquisa se baseia
em estudos de médias de grandes grupos, e os cientistas ressaltam que a
tendência ocorre independentemente da educação e da condição econômica dos
participantes.